terça-feira, 29 de novembro de 2011

Então é isso...

 ...Aprendi que o amor é feito de liberdade.
 É como ter, todos os dias, muitas outras opções.
 E ainda assim fazer a mesma livre escolha. - Cris Guerra


Tem coisas que não foram feitas para se guardar no coração. O tempo passa, sabe? E... Foi isso que pensei hoje quando me deitei no divã. Então quero te dizer. Quero que saiba que conhecer você foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. Ver você chegar todo solto, livre e largo, assim de perto. Encontrar seu olhar em cada sorriso e seu sorriso em cada singelo gesto. E... Que eu adoro ver você dormir, te fazer cafuné e quando você me puxa e abraça no meio da noite. Gosto de quando você me aperta e cria apelidos que me fazem rir e sentir querida. E... é importante que também saiba que se hoje o amor já não me é estranho é por causa de você. Com todos os erros e acertos, com as dificuldades e nos momentos de risadas você me ensinou e esperou. E que odeio quando a gente briga. Quando você se irrita, 'levanta' a voz. Quando você se ausenta e parece que vamos nos perder. Entende?! Não quero que a gente se perca. Fico triste e durmo mal .Sinto sua falta. Todos os dias. Das palavras, músicas, dos olhos, das mãos dadas. E... Quero que entenda a forma como mora em mim - quase surreal  - com esse sorriso torto e jeito de homem menino tomou conta desse coração que vive aqui nesse peito atropelado, meio manco. E cada vez que ele pulsa pedaços de você correm por mim. Fazendo cócegas, dando medo, fazendo sentir amor, adrenalina. E eu te cuido assim, sabe? Te desejo luz e amor sempre e te quero feliz. Sei que o amor que sinto por você vai viver sempre em mim e não se esqueça disso. Ah! E... Eu amo viajar, mas não existe melhor lugar pra chegar e ficar do que o abraço seu. Então é isso: você me enxergou, achou bonita, quis ficar comigo, me deu amor, sorrisos, viagens, companhia, sonhos. Dividiu seus amigos, histórias, tempo. Com você eu vi o que é amar e ser amada e em cada partida pra encontro ainda suo frio e fico toda trêmula e boba com o coração disparado. Porque é você... O tempo todo. Passo e desequilíbrio. Sonho e insônia. Meu menino, onde me acho. E com esse meu jeito louco, desvairado e sentimental é que te sinto e te amo e é assim que você mora em mim. E eu espero que nessa nossa história linda e imperfeita eu consiga te fazer sentir. E que consiga te mostrar. O mundo. A vida. Você. Eu. Nós. E que eu também viva em algum lugar aí dentro e que te faça rir e sonhar e amar. Porque... Sei que o nosso encontro, inusitado como foi, não foi por acaso. E... acho engraçado essa sua mania de querer ser melhor em tudo. E ao mesmo tempo admiro, sabe? Essa vivacidade sua e esse querer ser sempre mais. Você transpira vida. Gosto quando a gente tá perto. De quando você joga e eu leio e mesmo assim a gente tá conectado, sabe? É um carinho aqui, um chamado ali. Um beijo inesperado. E é bom. Gosto disso. Gosto de você! Cara, como eu gosto! E... Quando a gente viaja e canta e conversa. Mesmo que... Claro... Às vezes a gente não se entenda, mas dá pra ver, dá pra sentir... Existi amor. E é você... E... Então é isso.

Isa G.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O que eu vejo


Gente, esse alce foi produção minha!!! Ele é feito de feltro com espuma dentro =) Na verdade ele é um enfeite de Natal ( já pra entrar no clima), mas achei legal aí também! A ideia veio da cunhada!! Foi a maior diversão fazer os enfeites... Eu, ela e as crianças!! Fica aí a dica pra quem quer fazer algo diferente, distrair e pra família toda divertir!!


p.s.: logo, logo um textinho por aqui!!

Isa G.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O que eu vejo

"O essencial é invisível aos olhos.
Só se vê bem com o coração."

Antoine de Saint-Exupéry


Gente, tudo bem por aí?  Trouxe novidade aqui pro Amargamente Doce !! Bom... Não sei se já falei por aqui, mas sou apaixonada por fotos!! Resolvi criar esse espacinho aqui e compartilhar com vocês os cliques que dou por aí e que me agradam muito!!! Espero que gostem, comentem, curtam e opinem =) Quem tiver uma foto que gosta muito e quiser compartilhar aqui é só entrar em contato comigo, ok?
Pra começar... Uma foto desse fim de semana: Passou o lindo filme Monstros S.A. na TV e eu ganhei um Sulley (que eu chamo de Boo) pra ser meu monstrinho! Assim que vi que "ele estava na TV" corri e tirei essa foto! Bem vindos ao "O que eu vejo"!!!! Lembrando que as fotos podem ser usadas se gostarem, mas com os devidos créditos! Quero saber o que acharam, hein? 

Michael "Mike" Wazowski; James P. "Sulley" Sullivan e meu "Boo"


Isa G.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pesadelo

Na noite passada tive um pesadelo. Sonhei que uma bruxa malvada jogou um feitiço sobre mim e sai magoando todas as pessoas que me amavam. Enfeitiçada, não sabia mais sorrir; enfeitiçada, não sabia ouvir. O feitiço foi tão forte, tão forte, tão forte que me paralisou por dentro (coração, alma e pensamento) e por fora (olhos, ouvidos, o tato). Fiquei completamente estranha a mim mesma. Andando sempre cabisbaixa e sem dar atenção a ninguém, voltando-me somente para a maldade, rispidez, medo interior, as pessoas pelas quais sempre tive muito carinho se afastaram. Não dei a mínima. O feitiço era também anestesia. Anestesiei o bom senso, o altruísmo. Comecei a pensar somente em mim, mim, mim, mim! O que eu queria, o que eu sabia, o que eu achava, o que eu pensava! Eu, eu, eu! Sempre eu! E aquela menina de antes, com o coração de luz e alma furta-cor se tornou cinza, ficou apenas num retrato em preto e branco mordido por traças. A bruxa malvada era poderosa. Fez de tudo pra que eu perdesse a minha identidade, me esquecesse de quem era e passasse a ser exatamente como ela. Descobri porque bruxa é tão feia como é: por causa de tanta sujeira interna, um rosto, um corpo não conseguem ser bonitos fora. Quando só se tem lama de dentro, mosquitos cercam por fora. E nesse pesadelo insano e doloroso fui me tornando bruxa. O sonho ficou escuro, chovia o tempo todo e eu não sentia nada. Foi num momento curto e essencial que tudo mudou. Com a chuva constante, forte, grossa, que batia na pele e machucava, uma poça se formou logo adiante. Cansada, perdida, sozinha... Parei. Foi quando olhei a poça e vi no reflexo o que estava me tornando. Horroroso, doloroso, feio de ver. Mas foi o que quebrou o encanto. Essa água que caia da tempestade dos céus - por mais tenebrosa que parecesse - era pura, cristalina, assim como a minha alma escondida num corpo assombroso. E olhando o meu reflexo vi duas pessoas: a que eu era e a que estava sendo. Uma fosca, outra brilhante; uma limpa, outra suja; uma sorria, outra chorava... Foi então que uma voz muito próxima a mim, falou: "Poção e quebra de feitiço, bruxa e fada, cegueira e portas d'alma... Tudo isso é você. Aí dentro mora mil cadeados e mil chaves... Quinhentos bons, quinhentos ruins. Basta você saber separar." Era verdade, então. Eu era a bruxa de mim mesma e só eu poderia me libertar. Cai de joelhos sobre a poça d'água e pedi, pedi que isso tudo não passasse de um pesadelo. Seis mãos se estenderam para mim nesse momento. Mãos conhecidas, queridas, as com os melhores toques desse e de todos os outros mundos imagináveis. Seis mãos me ajudariam a reerguer. Seis mãos me ajudariam a limpar a sujeira. Mãos, que abandonei quando enfeitiçada e que, mesmo assim, não me deixaram. Sabiam do feitiço e que ele acabaria. Acordei assustada, suando frio, tremendo e fui logo me olhar no espelho. Eu ainda era eu, mas com uma diferença: Agora eu sabia que bruxa também tem nome de ego e que isso mora dentro da gente e pra libertar, basta um pisão em falso. Então joguei água no rosto, percebi que aquilo poderia ser realidade. Chorei. Mas, em seguida percebi que se eu quisesse ser pra sempre fada encantada, jamais bruxa, mãos, corpos, bocas e olhos estariam ali para mim. O que quebra o feitiço é o amor. O próprio. O do outro. O que vem de Cima. Adormeci ainda assustada, mas com a certeza de que, às vezes, o pesadelo serve pra acordar a gente de um feitiço que o sonho não seria capaz de quebrar.

Isa G.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Do amor... Só quero amor

Do bem que ele me faz, eu quero a continuidade; da saudade que ele me dá, quero a presença; dos sonhos que compartilhamos, quero a vida mais bonita. Da vida que levamos... Quero o aconchego. Das brigas que travamos, eu quero o perdão; dos abraços e carinhos... A essência. Das palavras não ditas, o abraço que reafirma o silêncio de amor; dos dias que passam sozinhos e demoradamente, quero o reencontro. Quero o encontro.
Rubem Alves que me perdoe. A saudade pode até ser encantamento mas, é o ver chegar, é chegar de mansinho, é andar sobre trilhos a caminho desconhecido, vendada e no escuro com todas as incertezas do mundo e com uma só certeza no coração que encanta de verdade. A alma é poção de amor.
Das mãos dadas, quero o laço; dos entrelaços, a confiança. Quero fazer diferente. Dos medos, quero o sumiço; das tristezas, só o sorriso; do futuro... O agora.
Quero que o amor seja livre de ameaças, ponderaçõs, pré-requisitos e simulações. Quero que seja inteiro, verdadeiro, do jeito que tiver de ser. Que seja diferente para cada um, mas que seja com todas as letras A-M-O-R! E que seja grande assim: sem medidas, despedidas, dor. Que seja puro e livre de todos os males externos, livre de toda descrença de quem não sabe o que é amar.
Das despedidas, quero o até logo; dos olhares, o brilho mais intenso; das estrelas, a história mais bonita, das palavras, as sinceras.
Quero o bom dia, boa tarde, boa noite; quero no pensamento ter sempre coisas boas, lembrar e ser lembrada; Quero surpresa e surpreender; crescer e voltar a ser criança. Quero ser livre de qualquer pensamento maligno, livre de toda sujeira d'alma, de todas as máscaras sentimentais. Quero que as palavras venham quando quiserem, que a saudade apareça quando for verdadeira, que as lembranças acometam na tentativa de diminuir a distância entre dois.
Quero o gesto, a palavra, o beijo; o abraço, consolo, o anseio; quero os dias, a fé, felicidade, amor. Do amor... Só quero amor.


Isa G.




quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A menina e o pássaro encantado


Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.

Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades… As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…

— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…

E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.

Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.

— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas chegava a hora da tristeza.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…— E a menina fazia beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar. Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios… E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera do regresso, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada: “Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre. Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…
— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
Até que não aguentou mais.
Abriu a porta da gaiola.
— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro. Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar. Ah!
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Rubem Alves

Dedicado à quem se despede com frequencia das pessoas amadas e por vezes não suportam ou compreendem a saudade. =)

Quanto a ausência, peço desculpa, mas
logo, logo postarei algo novo!
Aos novos seguidores: Muito
obrigada pelo carinho =)
Beijos ;*

Isa G.

sábado, 6 de agosto de 2011

Príncipe? Não!

 "...E que a fé no amor,
 seja salvação para todos os dias."

 Briza Mulatinho 



Ele não é um príncipe encantado, e, por todos os motivos possíveis e imagináveis. Príncipe encantado a gente passa a vida esperando; ele apareceu quando eu menos imaginava. O dito encantado salva a princesa de dragões, da bruxa e da torre alta; ele me salvou e continua salvando de mim mesma. Se eu fosse escolher um papel em um filme pra ele, escolheria aquele cara misterioso que sempre aparece soprando a fumaça de um cigarro. Aquele com enigmas no olhar e com um andar de vilão, mas príncipe? Não. Com o príncipe o "pra sempre" no final da história é certo; com ele, embora eu deseje o "felizes para sempre" tem dia que parece ser o último, ma na manhã seguinte... Tudo bem. Príncipe não xinga, não erra, não atrasa, não diz que vai fazer e não faz, não gera surpresa. É certeza de vida mansa, coração sem disritmia, dias sem sumiços, café-com-leite de segunda a segunda. Ele? Ele xinga o jogo, o carro da frente, o time, o chefe. Fica bravo com a mãe, comigo, com o atraso no aeroporto, com "falação em sua cabeça". E erra... Mesmo que não reconheça. Diz que vai fazer algo e esquece (depois acaba fazendo melhor). Ele? Ah! Ele me irrita, magoa (mesmo sem querer e sem saber), me estressa e briga. Mas também me aperta em um abraço único, me faz rir, me faz bem, me faz feliz. Tem paciência (comigo) e, às vezes, ela também acaba pra mim. Ele me faz esperar e desejar que a vida fosse só daqui pra frente.
Então, posso ser romântica, carente, dramática e adorar contos de fadas, mas, sinceramente, prefiro esse louco desvairado que veio do conto da vida real; que é de corpo, alma, sangra e nenhuma bruxa pode fazer virar sapo. Prefiro ele que existe, e, mesmo não sendo encantado me encanta todos os dias. Ele é melhor que um príncipe. Não tem cavalo branco, capa vermelha, coroa na cabeça, nem um palácio. Não caça, não dança valsa e não vai ser rei, mas joga qualquer jogo com uma habilidade incrível, toca gaita, violão, curte rock e adora cerveja. Fala sério?! Príncipe encantado pra quê? Ele é o melhor não príncipe do mundo que podia aparecer.

Isa G.

domingo, 3 de julho de 2011

O Amor em estado bruto

"...O amor, na essência, necessita de apenas três aditivos: correspondência, desejo físico e felicidade. Se alguém retribui seu sentimento, se o sexo é vigoroso e se ambos se sentem felizes na companhia um do outro, nada mais deveria importar. 

Por nada, entenda-se: 
não deveria importar se outro sente atração por outras pessoas, 
se outro gosta de fazer algumas coisas sozinho, 
se o outro tem preferências diferentes das suas, 
se o outro é mais moço ou mais velho, bonito ou feio, 
se vive em outro país ou no mesmo apartamento
 e quantas vezes telefona por dia. 

Tempo, pensamento, fantasia, libido e energia são solteiros e morrerão solteiros, mesmo contra nossa vontade. Não podemos lutar contra a independência das coisas. Aliança de ouro e demais rituais de matrimônio não nos casam. O amor é e sempre será autônomo..."

Martha Medeiros



Uma semana cheia de amor, paz, 
saúde e realizações
pra todo
mundo!
=)

Um beijo ;*

Isa G.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lado contrário

‎"...E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas
 que se não fossem tão tortas,
 não teriam se cruzado. "
Tati Bernardi

É assustador o jeito como dão certo. Longe dele, ela é preguiçosa; longe dela ele sorri menos. Quando ele está ausente, ela conta os dias que faltam pro próximo encontro; na falta dela ele prega a cara no calendário e faz cálculos pra saber quando pode encontrá-la de novo. Longe dele ela é áspera, raivosa, sentimental; longe dela ele é manso, calmo, trabalhador, rotineiro. Longe dele ela adoece; longe dela ele entorpece. A distância os mantém juntos o tempo todo. É ela dizendo com voz de choro que o quer de volta ali; é ele dizendo que sente falta de abraçar o corpo dela no meio da noite. Mas a distância também os separa. Como brigam quando não se vêem! Ela culpa a saudade; ele prefere culpar a insegurança dela. Se ele pede pra ligar mais tarde e ela ainda tem coisas a dizer, quase pira; se ele liga e a ouve conversar com outras pessoas quer logo saber quem é. Ele acha que ela precisa ser menos dramática; ela acha que ele tem que se lembrar mais dela. Não concordam nas brigas... Se começam a discutir, caminham do nada a lugar nenhum. Mas, na vida... Ah! Na vida... Como esses dois são bonitos juntos! As caretas que ele faz, os bicos que ela mostra; as piadas de tudo que ele vê, os comentários de Shakespeare e Caio que ela faz. As histórias que um conta ao outro e a forma como seus caminhos se encaixaram. Ah! Quando se encontram, quando se olham nos olhos e apertam o corpo de um contra o do outro... Assunto encerrado. É assustadoramente fácil ver que ali existe amor. O jeito como ela ri com o corpo; a maneira como ele segura sua mão; a forma como tentam o tempo todo permanecerem ligados. Não! De jeito nenhum... Não são perfeitos, aliás, passam longe disso. O que? Se eles se completam? De maneira alguma. Fazem mais do que isso. As imperfeições dele, as qualidades dela ajudam a superar. Os defeitos dela são ajudados pelas perfeições que ele possui. Ele calmo normalmente, ela estressada diariamente; ela ciumenta, ele confiante; ele distraído, ela detalhista; ele bom com números, ela boa com as letras; ele um pouco louco; ela louca por ele... E completude? Não... Eles fazem mais... Somam. Ele deposita todas suas forças pra fazê-la estudar, ajuda com artigos por meio de brincadeiras; ela tenta trazê-lo pra perto, cuidar dele; ele dá força; ela mostra como ter paciência; ele a ensina a esperar; ela o ensina que o amor existe; ele a ajuda a amadurecer; ela o faz voltar a ser criança; ele tira a solidão dela; ela não o deixa ser carente. Ele é inteiramente o avesso dela por dentro. Ela é inteiramente o avesso dele por fora. São tão iguais, e ao mesmo tempo, tão diferentes... Que nessa balança louca de amor e realidade buscam o equilíbrio... Juntos. São um time, são dois, são um. São tudo o que o outro sempre quis com todo o bônus e ônus que traz o amor. Do peso que é amar e saber-se amado é assustadoramente bom e leve acompanhar essa história.

Isa G.


domingo, 29 de maio de 2011

Sobre o bem que você me faz

"Amor é quando você fala pra alguém algo ruim
 sobre você mesmo e sente medo que essa pessoa não
 te ame mais por causa disso. Aí você descobre que essa pessoa
 não só continua te amando, como te ama mais ainda"
Samantha - 7 anos

É fácil aceitar que você tenha aparecido; difícil é acreditar que você queira permanecer. É fácil aceitar que você me ame; difícil é acreditar que você possa me perdoar tanto assim. É fácil entender que queira estar comigo; difícil é compreender essa sua paciência em esperar minha adaptação. Adaptação ao amor. Sou acostumada a perda de, a falta de, ausência de... Amor. Perdas e danos não fazem parte apenas das minhas aulas de direito. Fazem parte da minha vida, de quem sou. Sou feita de retalhos; já não sou inteira há um bom tempo. Sou retalhada de dor, medo, decepção; mas a costura é feita de fé, força, coragem. Por isso ainda sigo enfrentando os dias, corações gelados e diálogos cada vez mais curtos. E então me veio você... Pra me salvar de uma solidão cada vez mais profunda, me fazer enfrentar fantasmas, acreditar na felicidade, num futuro, numa soma de pares cujo resultado é um. E você me entregou tudo o que me faltava, mas não de uma forma a me completar e sim de complementar. Entende a diferença?! Você me entregou sua mão, seu ombro, suas palavras, promessas e atitudes. Entregou beijos, abraços, coração, todo sentimento que há nessa vida. E assim eu fui me acostumando... E em qualquer momento de silêncio seu, seja por estar ocupado ou qualquer outra coisa, minha ‘metade medo’ toma conta do meu corpo inteiro e um fantasma chamado ‘perda’ começa a me assombrar. Não sou assim porque quero ou porque te desacredito. Acontece que o bem que você me faz é tanto, que perdê-lo me geraria danos irreparáveis. Porque é você... O único a permanecer. Você continua comigo quando estou prestes a me abandonar; aceita minhas inseguranças, medos, receios; me aceita do jeito que sou: metade defeito, metade qualidade, inteiramente ‘eu’; de um jeito que nem eu me aceito; e você me ama quando me odeio, me perdoa quando me culpo; me aproxima quando me afasto e está sempre, sempre ao meu lado. Seja numa festa ou debaixo do cobertor no dia de domingo; seja num acontecimento bom ou ruim... Você sempre está. E eu não acostumada a esse tipo de amor. E tenho receio de que ele se vá com o entardecer do dia e não volte quando o Sol amanhecer. Porque é assim... As perdas são abruptas e instantâneas e eu não quero perder você. Sobre o bem que você me faz eu quero o amor, quero você. Difícil acreditar que você me queira assim: da forma como quero você; estranho assimilar que o bem que você me faz é a medida certa do que quero pra mim; estranhamente bom saber que é você...

Isa G.

domingo, 15 de maio de 2011

Hei de ser: Borboleta em alto-mar

"Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor." (Martha Medeiros)

Será, Martha Medeiros?

Se eu conseguisse dosar dois lados, se eu pudesse ser equilíbrio, se eu não fosse sempre extremo. Se eu soubesse respirar cem vezes antes de dar uma resposta, se eu carregasse uma máscara de paz sempre comigo, se eu não tivesse nascido com o coração exposto... Se. Se eu não fosse tão ‘eu’ talvez os outros me enxergassem melhor. Meu grande erro é ser ‘eu mesma’ demais. Tenho feito isso a vida toda. Mas ninguém quer saber dos seus medos, inseguranças, sonhos, fantasmas, sentimentos. Querem uma pessoa que saiba os assuntos da semana, do dia, da hora, com um sorriso sempre à mostra e um Ghandi bem dentro da alma. Querem controle, controlar. E agora? Posso mudar. Mas e se nessa mudança eu perder minha essência? E se eu me perder? Não consigo ser outra pessoa senão eu. Que chora quando a alma pede, que ri quando o corpo todo treme de felicidade, que cala pra não magoar, que fala por não ter medo de se mostrar. Sendo borboleta num aquário é de se esperar que os peixes enxerguem as asas como defeito, as antenas como aberração, o sentido de liberdade como prisão. Posso tentar ser peixe, mesmo que me afogue no fim. Eu tento. Só não dá pra continuar essa incógnita em pessoa que tenho me sentido. Vou voltar o coração pro peito, vou comprar um Ghandi e engolir, vou fazer ioga, pilates, terapia. Sou gelo e fogo, agora vou ser mormaço. Sou choro e riso, agora vou ser de aço. Sou coração e coração, agora vou ser... Vou ser barquinho em alto-mar. Se a onda subir, eu subo. Na calmaria, eu paro ou tranqüila navego. Se precisar remar, eu remo. Se infiltrar eu pulo. Uso bote salva-vidas. Ou melhor, asas. Afinal, posso até ser peixe, mas minha essência é borboleta... Borboleta aprendendo a navegar.

Isa G.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fico brava...

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais...

 Cazuza - Quase um segundo

Fico brava sim. Fico brava quando a saudade bate de uma forma tão abrupta que meu peito encolhe só de sentir medo da dor. Fico brava quando sinto vontade de estar ao seu lado e a distância geográfica me impede. Fico brava quando quero falar com você a noite toda e o meu ou o seu sono não deixa ou os compromissos impedem; Fico brava quando sei que a minha saudade é maior que a sua. Quando penso em você no meio do dia e sei que pode estar pensando em contas, em jogos, no seu time, em seus planos. Fico muito brava quando não sonho com você. Fico brava quando penso que isso tudo pode evaporar como água no deserto em questão de minutos... Porque eu sei que não sou fácil. E fico brava por isso também. Por saber que te amo tanto e intensamente que posso te sufocar. Tenho medo disso. Medo de que perca o ar, a vontade, a esperança e os sonhos por um ‘sufoco de amor’. Fico brava porque antes das minhas sinapses ocorrerem você sabe o que vou pensar. E sabe o que sinto pela voz, pelo jeito, pelo que não faço. Porque me conhece de um jeito ímpar. Fico brava comigo mesma por não saber o que fazer agora que te achei, pra não te deixar desistir, pra que você veja, pensa e sinta tudo o que está aqui ó... Nesse coraçãozinho apertado todo cheio de você, amor. Fico brava porque penso em você o tempo todo e queria que também pensasse em mim. É que eu sou carente mesmo, sabe? Daquela com a qual às vezes uma palavrinha resolve tudo e três não mudam nada. É só uma lembrança, uma surpresa, uma certeza de amor. Pra eu não ficar brava. Fico quando não sei. Ou quando sei e não quero. Fico brava porque te amo em progressão geométrica e porque hoje, mais do que em todos os dias, queria estar com você...

Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer

Cazuza- Quase um segundo

Isa G.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Campo minado

"Que a gente siga assustando as pessoas
que não merecem se encantar. Que a gente siga afugentando
quem não merece ficar. 
Que a gente siga!"
(Tati Bernardi)

Eu que penso em você todo dia, que sinto sua falta, faço planos, loucuras só pra ficar com você. Eu que estava perdida, que andava sozinha por um deserto sem fim. Eu que sei das rasteiras que a vida dá, do quanto dói ralar o joelho por rastejar pelos caminhos do mundo. Eu que carrego um coração esfolado, mal cicatrizado, todo dolorido de amor. Achei você quando menos esperava, me enchi de fé - meu prefixo preferido no momento - me veio a felicidade, uma ferocidade de sentimento bom e tudo se fechou. Num mundo meu e seu. E agora vem a realidade bater à minha porta com quatro pedras nas mãos, querendo me acertar o peito. E assim, sei que te perco. Logo você que é erroneamente certo pra mim, que sabe o que eu digo enquanto ainda estou pensando, que carregou o sol até meu mundo que antes de você chegar era noite sem fim. E agora? Por dúvidas que não são minhas, tiros que não dou, pedras que não jogo, guerra que não armei, pago o preço por um pecado que não cometi... Tendo você afastado de mim. E eu sei... E dói e lateja bem no fundo do peito... Eu sei que você está indo... Qualquer pessoa em sã consciência faria o mesmo. Mas eu sinto tanto a sua falta; acordar lendo palavras suas, dormir depois de ouvir sua voz, fazer surgir um sorriso torto bem no canto direito da tua boca. Como dói. "O preço que se paga às vezes é alto demais", não é? Eu vou continuar aqui, eu estou tentando. Grito ao mundo que te quero, mas você que deveria ouvir, acho que não ouve... Porque tem se afastado e isso tem doído muito. Sua voz não tem o mesmo timbre, suas frases são cada vez menores, queria que pensasse em mim. Tudo bem... Vou pagar por um crime que não é meu, não é seu... Vou pagar pela descrença do mundo num sentimento tão puro como o que construí. Vou pagar por tentar ser feliz, por gostar tanto assim de você... Eu pago... Só queria que continuasse aqui... Porque eu acredito em infinito, no sempre e em nós. Atravesso desarmada um campo de guerra, desde que eu saiba que dou outro lado vou encontrar você... Eu sei que tá difícil, mas não me deixa.

Isa G.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Lindo de se ter

Você não é o tipo de cara pra mim. Ouve rock e eu curto MPB, usa umas gírias que não entendo enquanto eu digo o que você não vê; é desligado ao extremo e eu sou feita de detalhes. Age por impulso, me retenho por medo, sua palavra é risco, a minha é receio. Mas é quando você sorri, é quando te vejo que estrago tudo, que me perco. Nada se compara a você. É esse jeito único de segurar o cigarro, essa forma desleixada de tocar a gaita apertando os olhos, seu jeito de segurar minha mão. É por isso que me perco. Porque você me observa de longe e sorri quando percebo, porque você me ouve e aconselha e preocupa e tenta estar sempre aqui. Aqui onde bate um coração machucado, escaldado com medo de ser feliz. Aqui onde quando a felicidade aparece, muralhas são construídas evitando um cavalo de tróia, algum sentimento alheio que seja grego, qualquer barulho de sinceridade soa a perigo, qualquer carinho seu soa a abrigo. É aqui que eu percebo. Se você passa um dia sem me procurar meu corpo dói inteiro, quando penso em você sou transportada pra um lugar de paz, embora haja medo. Você não é o tipo de cara pra mim. Mas quando me liga no meio do dia, diz em mensagem que está pensando em mim, fala ‘se cuida’ da forma mais protetora possível, é aqui que eu vejo. O quanto sinto sua falta, o quanto te desejo. Logo eu que havia dito que iria construir um coração de pedra, logo eu que iria resistir a sentimentos. Perdi. Perdi o fôlego quando te vi, perdi a razão quando te conheci, me perdi. São esses olhos enigmáticos tão seus, é esse jeito tão único de ser um cara que não é meu tipo, mas se esforça pra ser o cara de gírias engraçadas, gostos estranhos, idéias malucas que protege uma menina insegura do seu próprio universo paralelo. Você não é meu tipo, mas está aqui. E isso basta agora. Então fica. Toca uma gaita pra eu dormir e sonha comigo.

Isa G.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fé e medo são dois lados da mesma moeda

"Todo mundo ama um dia,
 todo mundo chora um dia
 a gente chega e o outro vai embora" - 
Tocando em frente
-Não posso, não posso, de novo não – ela disse sem parar e desesperadamente ao entrar no apartamento.
- Não pode o que Claire? – perguntou Frances, sua amiga que estava deitada confortavelmente lendo no sofá.
-Não posso Frances... Simplesmente não posso porque não acredito. – Claire sentou ao lado da amiga que deixou o livro de lado para tentar entender as loucuras que estava ouvindo.
- Espera – disse – qual o problema?
- O problema? – riu sarcasticamente – O problema é que não posso me envolver, isso tudo não passa de uma ilusão, eu sei disso, sei lá no fundo – levantou e começou a andar de um lado pro outro – sei que não mereço isso, isso nunca aconteceu.
- Dá pra parar de andar de um lado pro outro e ficar quieta, Claire? – Frances levantou, indicou o sofá para Claire sentar, esperou que ela o fizesse e cruzou os braços – Olha aqui... Você tá com medo, não é? Medo de estar vivendo um sonho, de quebrar a cara, tá com medo do desconhecido e de ser feliz. Larga de ser trouxa, Claire! Você vive fugindo daquilo que te faz bem; vive interrompendo as coisas pela metade; vive se culpando por crimes que não cometeu.
                Claire levantou, foi até a janela, esperou um pouco e depois se virou para a amiga dizendo:
-Você diz isso tudo, mas sabe que não funciona. Você é uma sonhadora boba que acredita demais nas pessoas. Seu problema é esse, Frances.
-Ou talvez o seu problema seja não ter um pouco de fé em si mesma. 
-Fé? – Claire caminhou para a cozinha e pegou um copo d’água. – O que você entende de fé?
                Frances era expert nesse assunto. Em crer. Acreditar. Sim, ela já havia sofrido muito ao acreditar demais, ao esperar demais, só que a fé que as decepções lhe ensinaram foi o melhor presente que ela poderia imaginar possuir. Porque fé é isso mesmo: a gente só ganha quando perde o medo. De tentar. De arriscar. De caminhar sem olhar pra trás, sem preocupar com os espinhos, buracos, curvas à frente. 
                A garota de olhos castanhos escuros, um corpo esguio e um coração do tamanho do mundo olhou para a amiga que parecia uma estátua de um anjo perdido à sua frente.
-Fé, Claire, é dar uma chance ao desconhecido. Recompensa de fé é descobrir que aí dentro – apontou a amiga – existe um altar pronto pra receber seus medos, tristezas, anseios e te dar em troca toda a felicidade da face da Terra.
                As duas ficaram em silêncio durante um tempo.
-Tenho medo.
-E quem não tem, Claire? Mas isso a gente supera.
-Como?
-Ah, querida! – Frances foi até a janela da sala, abriu-a e olhou para baixo – Do jeito mais simples e bonito que existe: vivendo. – Ela sorriu à amiga. – Ele ainda está lá embaixo. Não deixe a felicidade escapar por medo de não merecer ser feliz. A felicidade é difícil de encontrar justamente porque ela vem até nós aos poucos, sendo construída num caminho tortuoso e se ela está aqui pra você... Viva.


E agora Claire, que você sabe que
 fé e medo são dois lados da mesma moeda?
 Joga o medo pra cima e vê se
 ele cai de cara no chão. Joga a fé pra cima e vê se
 ela te dá o céu.
E agora Claire, acha que está pronta
 pra ter a felicidade em mãos? 
Se dê uma chance menina,
 abre esse coração.

Isa G.

                

sábado, 16 de abril de 2011

Sol

"It's not always easy and
 sometimes life can be deceiving
 I'll tell you one thing,
 it's always better when we're together"
- Jack Johnson

=)
Queria conseguir falar dessa felicidade toda que tá aqui dentro. Desse sentimento puro e lindo e iluminado que surgiu em meio a uma tempestade, um tormento... Mas não dá, sabe? A ausência de palavras se dá quando a dona felicidade bate a nossa porta! E eu abro! Ah! eu abro: portas, janelas, peito e alma pra ela entrar. Mas falar? Não... Falar não dá. Aí é pedir demais. A dona felicidade pede silêncio, intensidade de momento, cuidado ao abrir a boca! Ela quer que a gente feche os olhos e olhe pra dentro! Ela me pediu bem isso... Me chamou de Sol! Logo eu que carrego a chuva comigo, que sou tempo nublado constantemente, mas ela disse e disse bem devagarinho acho que pra que eu acreditasse: "Sol, fecha os olhos e confia em mim. Deixa eu cuidar do seu lado de dentro. De onde eu venho tudo é interno, tudo é silêncio." E eu fechei. E eu tô aqui! A gente não morre ao acreditar, entende? E eu achava que se entregar ao desconhecido assim era arriscado demais. Tem coisa mais estranha e desconhecida pra gente do que a gente mesmo? Mas faz um bem enorme. Queria conseguir falar dessa felicidade toda que me invade e instala e pede abrigo. Dessa palavra indecifrável que é: Felicidade. Dessa corrida maluca que é caminhar por dentro pra tentar encontrá-la, mas não consigo. Ser feliz tem me ensinado a falar menos e viver mais. Talvez esse seja o verdadeiro propósito dessa senhora baixinha e balofa que chega num sábado à tarde, numa quarta à noite e vai embora quando menos se espera. Ei, dá pra acreditar que ela me chamou de Sol? Agora além de alma sou quente. Sou luz, energia, meu próprio caminho.Sou felicidade habitando em mim. Eu sou. Sol "soul".

Isa G. 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Alma de pérola azul


As luzes do parque se apagaram. Eu ainda estava lá quando aconteceu. Perdida em pensamentos,em companhia com a solidão, lágrimas por ninguém. Continuei ali imóvel, calada. A única parte do meu corpo a perceber a mudança foi o coração que acelerou. No primeiro momento fiquei assustada, tudo era escuro e denso e silêncio. Mas depois de algum pequeno tempo algo muito estranho e mágico aconteceu: minha alma reconheceu o seu reflexo ali naquele lugar onde eu não conseguia ver um palmo a frente, onde os vaga-lumes pediam licença pra existir; encontrou-se em meio a solidão, enxergou-se quando eu ceguei, saiu de mim quando percebeu que meu corpo estava pequeno demais para ela (a tristeza tem dessas de diminuir a gente. Definhamos sem perceber) e alimentando-se da escuridão...  Resolveu me dar uma chance e me iluminar (por dentro). O desespero que antes me consumia foi sendo substituído por um sentimento de paz. Eu estava bem comigo mesma, não precisava segurar firme na mão de ninguém, não precisava ter certeza do caminho a seguir. Tudo que eu precisava estava ali: uma alma externa guiando meu caminho; uma mente descansando tranquila dentro de um coração uno. Mais do que isso: um coração que, enfim, conseguia ser unidade. Caminhar sozinho deixa a distância maior; caminhar sozinho deixa o peito em pranto; caminhar sozinho abre um buraco que gosto de chamar de EU! é um "eu" tão grande que cada passo dilata o buraquinho e ele vai invadindo o corpo por inteiro, pedindo licença e dizendo: Ei, me deixa passar que "EU" estou aqui. Foi o que me aconteceu. Fui invadida por um "eu" que conseguiu me libertar de todos os "vocês" que me preenchiam. Mas, antes da sensação de prazer, de paz, completude, esse lindo e traiçoeiro "eu" abriu um buraco imenso bem no centro do peito (é...ele é bem espaçoso) e se espreguiçou, esperneou, então, por fim, se aquietou. E quando isso aconteceu, ah! quando isso aconteceu... Despertei pro lado de dentro. Consegui enxergar todos os furinhos que já havia sofrido nessa vida (parecia um queijo suiço); vi minha mente trabalhando arduamente para tentar me acalmar, o peito que liberava adrenalina sem parar. E vi...eu vi... lá no centro do meu corpo um buraquinho bem pequenininho que era cheio de uma luz azul e branca... Desconfiei que era onde a dona alma morava. Ainda naquele parque escuro, sentada num banco sujo de chuva e terra, com lágrimas nos olhos agradeci: "Obrigada por me dar uma alma tão linda e branda. Obrigada por me guiar através dela." Fechei os olhos e em pensamento disse que ela podia voltar a me habitar. Que eu faria o possível para aumentar seu terreno e que dali em diante a teria como mapa, bússola, guia espiritual. Sabe, a alma é poesia, o lado chato da vida sobra pro corpo. Só quem já sofreu muito e entende de amor e palavras consegue encontrar a própria alma. Só enxerga a alma aquele que está disposto a deixar de ver e passar a sentir. O concreto é o corpo, alma é abstração. Vem do latim anǐma e significa aquilo que faz mover. É meu bem, sem conhecer a própria alma você está preso numa estagnação interna; seus sentimentos não se moverão. Fiquei como uma estátua nesse mundo por tempo demais. Observei e absorvi muita coisa por aí. Mas foi ali... Sentada em um parque no fim de uma noite, ao se apagar as luzes do mundo e de mim que me encontrei. Agora quero ser alma, pra sempre alma, pra sempre serei, soul...


Isa G.

terça-feira, 22 de março de 2011

"Eu tenho alguma coisa para te dar"


"E mesmo assim, queria te perguntar,
Se você tem ai contigo alguma coisa pra me dar,
Se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?" - Dois, Tiê


Gente, mais uma vez estou numa corrida contra o tempo! Na faculdade começou a época de trabalhos, no trabalho está uma loucura e acabo não conseguindo encaixar o Amargamente Doce na minha loucura diária, o que eu, sinceramente, acho uma pena e espero dar um jeito! ( E VOU). Vou me programar para voltar a postar semanalmente, e ficarei extremamente grata se não abandonarem esse cantinho tão querido!!! Desculpem, mais uma vez, a ausência! Não será mais assim... ;)

Fica aqui de presente essa música linda que mais parece poesia na voz de Tiê!! Achei a minha cara e, consequentemente, a cara daqui! Espero que gostem! Beijos, beijos e feliz dia do blogueiro atrasado! 

Isa G



segunda-feira, 7 de março de 2011

Carta curta-metragem

"Eu pensei em escrever alguns poemas 
só pra tocar seu coração"
Isabela Taviani


Tem me custado muitos dias que poderiam ser felizes, minh’alma que poderia estar arco-íris, meu coração que deveria estar livre, ver-te todos os dias aqui dentro de mim e lá tão distante fora de nós. Sei que você foi embora antes mesmo de chegar, isso acontece às vezes: a gente continua, continua, continua, mas o peito já partiu a tempo em busca de sol, em busca de amor. Mas o problema é que eu fiquei estagnada em pleno inverno, sem plano de ida. E ficar aqui presa nessa bolha de invisibilidade, observando-te de longe tem me machucado dentro, lá no centro, uma faca afiada em asa de borboleta azul.
Sei também que não vai voltar. Como eu sei? Quem volta sempre deixa uma pista, um bilhete, um pedaço de si. Fizeste ao contrário levando tudo que era meu junto a sua bagagem que nunca fora aberta. E eu poderia continuar aqui embaixo dessa árvore seca, congelada pelos flocos de neve que pouco a pouco cobrem minha pele, mas eu tenho uma saída incomum: vou cavar um buraco bem, bem fundo, afundar-me num poço de gelo da mesma forma que afundei em seu coração e depois de cavar bem, bem fundo, vou pegar todas as letras que lhe ofereci, juntá-las em uma corda e escalar pouco a pouco rumo a primavera, rumo a minha era de amor. Tem me cansado muito persistir no erro, tem me doído os ouvidos escutar suas risadas que já não têm ligação alguma comigo e fico completamente sem graça quando te vejo chegar sabendo que não sou eu seu ponto final. Ponto final foi o que você colocou explicitamente a minha frente quando decidiu partir. Ponto final é este último nó que estou dando em meu coração, trancando-o a sete chaves. Vou viver um pouco ‘in’, parar de bater em sua porta que nunca se abre, em tentar achar abrigo em seu peito de ferro. Sou algodão e água salgada. Enferrujaria sua máscara; você sujaria minha alma.Aqui, olhando para trás nunca imaginei que hoje seria assim. É engraçado o espelho da vida, não? Às vezes ele reflete ao contrário as nossas ações, as nossas lembranças, os sonhos.  Espelho de ponta cabeça, cabeça que só pensa em você, você que nunca mais se lembrou... Nem sempre o passado é a certeza do futuro, mas o presente é certeza do agora e agora te digo: eis um ponto pra você.
Estou dizendo adeus da forma mais dura que consigo dizer. Poderia ter me calado, desfeito as amarras em cortes abruptos e seguido em direção contrária a ti. Mas não seria eu se fizesse isso. Então digo adeus com dor no peito, digo adeus enterrando sete chaves, digo adeus libertando você... E construindo em mim a mais bonita das prisões: aquela em que o preso é um coração. Fica tranqüilo, vou te deixar em paz, pode se armar de novo, vai, seja de ferro... Escolhi ser doce, amargamente doce é o meu... Adeus.

Isa G.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sentimento Camaleão

“Heaven forbid you end up alone and don’t know why"
"(O céu proíbe que você acabe sozinho sem saber o porquê)”
 – Heaven Forbid -
The Fray

Sabe, continuo esperando. Continuo esperando o dia em que meu coração não vai disparar quando encontrar você caminhando por aí; continuo esperando conseguir ficar perto de você sem minhas pernas tremerem e meu peito apertar. Continuo esperando que o amanhã seja melhor, menos dolorido e o mais importante: sem uma lembrança de sonho com você.
Não dá mais, entende? Não dá pra passar o dia dizendo a mim mesma que acabou, que nunca mais vamos nos falar, que eu jamais poderei te tocar mais uma vez, que a distância que nos separa por dentro é incalculável, sendo que a noite cai, meus olhos fecham e você está ali esperando por mim. Sempre vivi de ilusões, mas eu te preferia real. A ilusão de ter você dói mais do que a realidade de te perder. A dor da perda é real, a dor da ilusão é um castigo que, Deus, eu não mereço. Noite passada consegui sentir seu abraço. Em algum lugar do meu subconsciente tenho guardado os seus jeitos e trejeitos de me ter nos braços e por sorte/azar você me abriu os braços e me apertou tempo suficiente pra que eu sentisse mais ainda sua falta. Como é possível?  Hoje o céu chora por mim como se me proibisse de me sentir sozinha. Hoje eu choro por você como se o sal da minha lágrima pudesse grudar no seu coração de gelo e te fazer pulsar por mim por um minuto. Como se eu pudesse correr em suas veias em uma batida de coração e conseguisse te invadir, percorrer por inteiro, desvendar esse mistério que carrega nos olhos, desvendar essa força que te equilibra e destrói.  Você tem me destruído com essa sua indiferença, a cada dia sua força se transforma em minha fraqueza. Em cada sonho esqueço tudo e me entrego. Sentimento camaleão esse que me esgota. Vivo entre dor e torpor, entre realidade e fantasia, entre eu e você. Eu. Você. Como eu queria poder juntar essas duas palavras em uma: par...seria...se... você soubesse a falta que sinto. Te encontrei num sonho em que você me observava de longe, no outro segurou minha mão e no último me envolveu em um abraço de pluma, confundindo corpo e alma, deixou a espada de lado, retirou o escudo que te esconde e se mostrou inteiro, frágil, um garoto real perdido em um sonho de uma menina ilusória. Nem assim, nem assim consigo te reencontrar. Nos perdemos pra sempre em um universo paralelo. Queria agüentar firme, queria ser de pedra e não pluma, queria ser Tróia. Mas a cada noite que te encontro um pedaço meu é destruído: é o sorriso, são os olhos, as mãos, o estômago, a alma. Você luta comigo mesmo desarmado, você ganha antes mesmo de dar início a partida. Minh’ alma chora junto aos céus e nesses dias de nuvem interior eu queria poder achar abrigo junto a você. Eu queria poder saber o porquê. Por que você me abandonou? Perdida pra sempre num deserto de almas desertas.  O céu  me proíbe de ficar sozinha, você me proíbe de saber o porquê. Porque eu ainda não te esqueci, e você me dói como se a gota de chuva me atingisse como fogo e se eu pudesse, ah! Se eu pudesse me incendiava com sua presença, mas me queimo com suas lembranças. Não consigo mais me adaptar a essa transição entre sonho e verdade. Sentimento camaleão não me interessa mais. Vou voltar a ser inteira, exposta, transparente, e que se dane o que pensam, eu só quero me perder pra ver se me encontro. Só quero te encontrar pra ver se me perco.

- Você acredita em sonho? Então deixa eu te mostrar o meu.
Me encontra? Você sabe o lugar.

Isa G.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Continuo viva

"Que seja doce - repetia todas as manhãs" 
Caio F. de Abreu


“Continuo viva”, pensou enquanto abraçava o próprio corpo e erguia a cabeça rumo ao céu. “Continuo viva”, reafirmou ao sentir o calor da imensa bola de fogo tocando cada parte de seu corpo, sentiu cada poro se abrindo, o arrepio surgindo e ele ainda caminhando atrás dela, em passos lentos como sempre fazia,partindo.
-Certas coisas a gente não explica, Sara. Simplesmente não dá mais pra mim.
Ela então se lembrou de uma música que gostava muito que dizia “algumas coisas são melhores se deixadas desconhecidas” e pela primeira vez na vida parou de questionar, decidiu que deixaria a vida seguir seu curso, o amor bater em seu tempo e aceitar os acontecimentos. Sentiu um imenso nó no peito, uma repulsa no estômago e as pernas bambas ao pensar que Tom, que estava ali tão lindo como sempre, parado à sua frente com aquele meio sorriso, olhos apertados e braços cruzados, dali em diante não estaria mais. Doeu pensar que ela teria que vê-lo partir e ficar com todas as lembranças pra si, pra serem destruídas, ou serem arquivadas, relembradas quem sabe. Seu olhar era fixo, seu pensamento era vago.
-Sara – ele a tocou no braço a fazendo acreditar por um momento que tudo fora um sonho – não vai dizer nada?
Ela então segurou a mão que a tocava, colocou em sua cintura e jogou os braços em volta do pescoço daquele que ela tanto gostava, daquele com quem ela havia dividido parte de sua história, entregado muito de si, confinado segredos, trocado olhares, beijos, carícias, trocado um pedaço de alma, dado um pedaço enorme da carne vermelha e sangrenta denominada coração. Sara sentiu quando ele a apertou um pouco mais e suspirou. Ficaram ali entregues um ao outro até que cada um pudesse guardar o cheiro, o gosto, o jeito, o corpo, o sentimento, o toque do outro. Ficaram tão entregues um ao outro que por um instante pareceram um. Um par perto de virar ímpar. Ela guardaria aquele abraço; ele guardaria aquela sensação; ela guardaria os beijos; ele escolheria guardar a diversão; ela se arrependeria depois por ter se entregado tanto; ele se arrependeria depois por ter achado que não merecia esse tanto; ou talvez não. Talvez com o fim do abraço fosse o fim de uma história.
-Você precisa se cuidar – ele disse em seus ouvidos.
-Vou sentir sua falta – foi o que ela conseguiu responder.
Quando enfim se soltaram, olharam-se pela última vez, flashs aparecendo na memória de cada um: primeiro encontro, primeiro beijo, discussões, brincadeiras. Ele então se virou, colocou as mãos nos bolsos e partiu em passos lentos rumo ao leste. Era dolorido demais vê-lo ir embora, então Sara virou-se, fechou os olhos e ajoelhou. Desabou. Durante cinco minutos ficou ao chão, lamentando pela partida de alguém tão querido, mas uma voz interna lhe disse: “Você continua viva. Com um pedaço a menos de você, mas com um pedaço enorme daquele cara, e isso vai te fazer viver; Estamos aqui pra no fim levar quase nada de nós e muito dos outros. Os pedaços são nossos combustíveis, os outros são nossos postos. E como todo posto, toda estação, devemos passar e deixar que passem também.
A menina de olhos cor de esmeralda se levantou, abraçou o próprio corpo,  ergueu a cabeça aos céus e em pensamentos disse a si mesma: “Continuo viva e isso é tudo que preciso para viver hoje”.


Isa G.