domingo, 29 de maio de 2011

Sobre o bem que você me faz

"Amor é quando você fala pra alguém algo ruim
 sobre você mesmo e sente medo que essa pessoa não
 te ame mais por causa disso. Aí você descobre que essa pessoa
 não só continua te amando, como te ama mais ainda"
Samantha - 7 anos

É fácil aceitar que você tenha aparecido; difícil é acreditar que você queira permanecer. É fácil aceitar que você me ame; difícil é acreditar que você possa me perdoar tanto assim. É fácil entender que queira estar comigo; difícil é compreender essa sua paciência em esperar minha adaptação. Adaptação ao amor. Sou acostumada a perda de, a falta de, ausência de... Amor. Perdas e danos não fazem parte apenas das minhas aulas de direito. Fazem parte da minha vida, de quem sou. Sou feita de retalhos; já não sou inteira há um bom tempo. Sou retalhada de dor, medo, decepção; mas a costura é feita de fé, força, coragem. Por isso ainda sigo enfrentando os dias, corações gelados e diálogos cada vez mais curtos. E então me veio você... Pra me salvar de uma solidão cada vez mais profunda, me fazer enfrentar fantasmas, acreditar na felicidade, num futuro, numa soma de pares cujo resultado é um. E você me entregou tudo o que me faltava, mas não de uma forma a me completar e sim de complementar. Entende a diferença?! Você me entregou sua mão, seu ombro, suas palavras, promessas e atitudes. Entregou beijos, abraços, coração, todo sentimento que há nessa vida. E assim eu fui me acostumando... E em qualquer momento de silêncio seu, seja por estar ocupado ou qualquer outra coisa, minha ‘metade medo’ toma conta do meu corpo inteiro e um fantasma chamado ‘perda’ começa a me assombrar. Não sou assim porque quero ou porque te desacredito. Acontece que o bem que você me faz é tanto, que perdê-lo me geraria danos irreparáveis. Porque é você... O único a permanecer. Você continua comigo quando estou prestes a me abandonar; aceita minhas inseguranças, medos, receios; me aceita do jeito que sou: metade defeito, metade qualidade, inteiramente ‘eu’; de um jeito que nem eu me aceito; e você me ama quando me odeio, me perdoa quando me culpo; me aproxima quando me afasto e está sempre, sempre ao meu lado. Seja numa festa ou debaixo do cobertor no dia de domingo; seja num acontecimento bom ou ruim... Você sempre está. E eu não acostumada a esse tipo de amor. E tenho receio de que ele se vá com o entardecer do dia e não volte quando o Sol amanhecer. Porque é assim... As perdas são abruptas e instantâneas e eu não quero perder você. Sobre o bem que você me faz eu quero o amor, quero você. Difícil acreditar que você me queira assim: da forma como quero você; estranho assimilar que o bem que você me faz é a medida certa do que quero pra mim; estranhamente bom saber que é você...

Isa G.

domingo, 15 de maio de 2011

Hei de ser: Borboleta em alto-mar

"Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor." (Martha Medeiros)

Será, Martha Medeiros?

Se eu conseguisse dosar dois lados, se eu pudesse ser equilíbrio, se eu não fosse sempre extremo. Se eu soubesse respirar cem vezes antes de dar uma resposta, se eu carregasse uma máscara de paz sempre comigo, se eu não tivesse nascido com o coração exposto... Se. Se eu não fosse tão ‘eu’ talvez os outros me enxergassem melhor. Meu grande erro é ser ‘eu mesma’ demais. Tenho feito isso a vida toda. Mas ninguém quer saber dos seus medos, inseguranças, sonhos, fantasmas, sentimentos. Querem uma pessoa que saiba os assuntos da semana, do dia, da hora, com um sorriso sempre à mostra e um Ghandi bem dentro da alma. Querem controle, controlar. E agora? Posso mudar. Mas e se nessa mudança eu perder minha essência? E se eu me perder? Não consigo ser outra pessoa senão eu. Que chora quando a alma pede, que ri quando o corpo todo treme de felicidade, que cala pra não magoar, que fala por não ter medo de se mostrar. Sendo borboleta num aquário é de se esperar que os peixes enxerguem as asas como defeito, as antenas como aberração, o sentido de liberdade como prisão. Posso tentar ser peixe, mesmo que me afogue no fim. Eu tento. Só não dá pra continuar essa incógnita em pessoa que tenho me sentido. Vou voltar o coração pro peito, vou comprar um Ghandi e engolir, vou fazer ioga, pilates, terapia. Sou gelo e fogo, agora vou ser mormaço. Sou choro e riso, agora vou ser de aço. Sou coração e coração, agora vou ser... Vou ser barquinho em alto-mar. Se a onda subir, eu subo. Na calmaria, eu paro ou tranqüila navego. Se precisar remar, eu remo. Se infiltrar eu pulo. Uso bote salva-vidas. Ou melhor, asas. Afinal, posso até ser peixe, mas minha essência é borboleta... Borboleta aprendendo a navegar.

Isa G.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fico brava...

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais...

 Cazuza - Quase um segundo

Fico brava sim. Fico brava quando a saudade bate de uma forma tão abrupta que meu peito encolhe só de sentir medo da dor. Fico brava quando sinto vontade de estar ao seu lado e a distância geográfica me impede. Fico brava quando quero falar com você a noite toda e o meu ou o seu sono não deixa ou os compromissos impedem; Fico brava quando sei que a minha saudade é maior que a sua. Quando penso em você no meio do dia e sei que pode estar pensando em contas, em jogos, no seu time, em seus planos. Fico muito brava quando não sonho com você. Fico brava quando penso que isso tudo pode evaporar como água no deserto em questão de minutos... Porque eu sei que não sou fácil. E fico brava por isso também. Por saber que te amo tanto e intensamente que posso te sufocar. Tenho medo disso. Medo de que perca o ar, a vontade, a esperança e os sonhos por um ‘sufoco de amor’. Fico brava porque antes das minhas sinapses ocorrerem você sabe o que vou pensar. E sabe o que sinto pela voz, pelo jeito, pelo que não faço. Porque me conhece de um jeito ímpar. Fico brava comigo mesma por não saber o que fazer agora que te achei, pra não te deixar desistir, pra que você veja, pensa e sinta tudo o que está aqui ó... Nesse coraçãozinho apertado todo cheio de você, amor. Fico brava porque penso em você o tempo todo e queria que também pensasse em mim. É que eu sou carente mesmo, sabe? Daquela com a qual às vezes uma palavrinha resolve tudo e três não mudam nada. É só uma lembrança, uma surpresa, uma certeza de amor. Pra eu não ficar brava. Fico quando não sei. Ou quando sei e não quero. Fico brava porque te amo em progressão geométrica e porque hoje, mais do que em todos os dias, queria estar com você...

Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer

Cazuza- Quase um segundo

Isa G.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Campo minado

"Que a gente siga assustando as pessoas
que não merecem se encantar. Que a gente siga afugentando
quem não merece ficar. 
Que a gente siga!"
(Tati Bernardi)

Eu que penso em você todo dia, que sinto sua falta, faço planos, loucuras só pra ficar com você. Eu que estava perdida, que andava sozinha por um deserto sem fim. Eu que sei das rasteiras que a vida dá, do quanto dói ralar o joelho por rastejar pelos caminhos do mundo. Eu que carrego um coração esfolado, mal cicatrizado, todo dolorido de amor. Achei você quando menos esperava, me enchi de fé - meu prefixo preferido no momento - me veio a felicidade, uma ferocidade de sentimento bom e tudo se fechou. Num mundo meu e seu. E agora vem a realidade bater à minha porta com quatro pedras nas mãos, querendo me acertar o peito. E assim, sei que te perco. Logo você que é erroneamente certo pra mim, que sabe o que eu digo enquanto ainda estou pensando, que carregou o sol até meu mundo que antes de você chegar era noite sem fim. E agora? Por dúvidas que não são minhas, tiros que não dou, pedras que não jogo, guerra que não armei, pago o preço por um pecado que não cometi... Tendo você afastado de mim. E eu sei... E dói e lateja bem no fundo do peito... Eu sei que você está indo... Qualquer pessoa em sã consciência faria o mesmo. Mas eu sinto tanto a sua falta; acordar lendo palavras suas, dormir depois de ouvir sua voz, fazer surgir um sorriso torto bem no canto direito da tua boca. Como dói. "O preço que se paga às vezes é alto demais", não é? Eu vou continuar aqui, eu estou tentando. Grito ao mundo que te quero, mas você que deveria ouvir, acho que não ouve... Porque tem se afastado e isso tem doído muito. Sua voz não tem o mesmo timbre, suas frases são cada vez menores, queria que pensasse em mim. Tudo bem... Vou pagar por um crime que não é meu, não é seu... Vou pagar pela descrença do mundo num sentimento tão puro como o que construí. Vou pagar por tentar ser feliz, por gostar tanto assim de você... Eu pago... Só queria que continuasse aqui... Porque eu acredito em infinito, no sempre e em nós. Atravesso desarmada um campo de guerra, desde que eu saiba que dou outro lado vou encontrar você... Eu sei que tá difícil, mas não me deixa.

Isa G.