domingo, 4 de julho de 2010

Deixai passar

Já reparou em como a maioria dos escritores escrevem sobre o esquecimento? Mas e quanto a deixar passar? A cada dia que passo me convenço de que esquecer alguém é muito fácil, simples, indolor. É só não pensar mais, não procurar e pronto. Rá! Se fosse só isso. O problema é que junto com esquecer vêm o "deixai passar". É preciso que se queira esquecer e que se deixe o que passou ficar no passado. É aqui que tudo complica. Temos a terrível mania de nos apegar a fatos, momentos, pessoas, gestos e quando tudo parece perdido, esquecido, queremos resgatar. Tudo o que houve de ruim é esquecido porque o sentimento de perda fala mais alto e algo dentro de nós grita: ISSO NÃO PODE ACONTECER! É o orgulho ferido, aquela sensação de incapacidade, uma dor no peito como se uma mão gigante o segurasse firme.
Nos entregamos então às lembranças, passamos a viver no passado, a sonhar com o que poderia ter sido... E não foi. Ninguém quer deixar passar. É doloroso demais deletar um pedaço do roteiro, uma cena, um alguém. E é ai que a gente sofre. Sofre não porque não consegue esquecer, mas porque não quer deixar passar. Nessas horas em que me pego presa às lembranças, aos momentos bons, à essa mania de aprisionamento, a esse medo do que vai ficar e do que pode vir... Pergunto-me o que faria se eu pudesse deletar parte da minha vida como em: "Brilho Eterno de uma Mente sem Lmebranças". Seria melhor? Mais confortável? Às vezes penso que sim e logo em seguida decido que não. Precisamos aprender a sair dessas sozinhos. Por isso... Deixai passar.
Isa G.

"Eu quis tanto ser a sua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu"  Caio F. de Abreu

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