segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ausência


Já que chuva lava a alma, talvez o mar me lave de você, o sal cure as feridas e a areia te enterre de uma vez. Vou deixar a natureza cuidar disso porque eu não consegui.
Vou aproveitar e tirar férias de mim! Preciso! Pensar tanto tem me cansado, sentir tanto tem me esgotado e sua falta tem me machucado muito. Talvez longe daqui, longe de ti, consiga amenizar o latejar no buraco do peito, talvez não tenha tempo pra sentir saudade, talvez me renovar seja tudo que eu precise. E é o que vou fazer!

Obs.: Doceiros, estarei ausente por uma semana! Se der eu posto de onde estiver! Mas, por favor, não abandonem esse cantinho, ok? Beijo à todos e uma ótima semana!

Isa G.

domingo, 25 de julho de 2010

Do lado de lá


Penso que pra quem decide abrir mão do 'amor' é muito fácil porque a pessoa já sabe o que vai começar a faltar, o que vai mudar, sabe o que esperar. Mas pra quem tá do lado de lá e nem imagina o furacão que está pra chegar é terrivelmente complicado: um baque, um tapa. Não. Um soco, uma espada enfiada bruscamente no estômago (sim. Para matar as borboletas azuis).
Mesmo com elas mortas ali dentro, é preciso parecer vivo por fora. Tudo bem. Todos vestem uma máscara fina ao sair de casa, ninguém quer ser exposto cru, nu ao sol e a sentimentos.
Penso como deve ser difícil sair vivo/morto por aí, na tentativa de se divertir, introsar, esquecer a espada que foi enfiada, a amargura que brotou de fora pra dentro, esconder a pele fina, rasgada, sangrenta. São machucados invisíveis sim, mas quem já foi criança arteira sabe que os menores machucados são os que ardem mais. Machucados grandiosos vêm com dose de morfina junto pra amenizar a dor (pena coração não entrar na categoria 'ferida aberta').
Imagino como deve ser ver a pessoa que te apunhalou do outro lado da rua, numa boate ouvindo um pagode qualquer... E você ali em outra tentando curtir um rock que grita sua dor. Como deve ser doloroso ser separado trinta metros de alguém e não poder fazer nada, simplesmente... Nada. Chorar? Pra que se afogar por dentro se quem está do lado de lá parece um ser flutuante no meio do mar? Gritar? Acha mesmo que será ouvido por quem quis te calar? Atravessar a rua? Mas e a barreira de dentro?
Às vezes, quando machucados, sair por aí não é a melhor opção. Sábado, sendo sábado, nem por isso tem que significar entreterimento, esquecimento, diversão. Às vezes vem é pra fazer pensar, lembrar mesmo. E dói, como dói se sentir indefeso diante da vida, diante do outro. Mas, o domingo vem e vem pra ajudar a, de novo, começar a esquecer.
É o que sobra pra quem ficou com amor no peito: esquecer ou sufocar. Opinião? Melhor esquecer. Aos poucos a noite passa, a dor se esconde, as pessoas se vão... E ao olhar pro outro lado da rua: calmo, vazio, nem vai parecer que ali, já esteve quem te assassinou por dentro. Vai parecer ilusão e, quase sempre, é mais confortável viver dela... Pelo menos pra quem sobra com amor.

Isa G.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"Você é incrivelmente bonita."


Ele sabia da existência do meu diário e vez ou outra perguntava sobre as histórias que ali eu contava.
-Há muito sobre você, se é o que quer saber - eu dizia.
-Muito quanto? - era curioso por natureza. O que me fazia rir por horas quando estávamos juntos, o que, normalmente, queria dizer quase sempre.
-Muito o suficiente para as outras histórias terem que pedir licença para existir.
Ele me puxou pra perto de si no sofá, me deu um beijo demoradamente e disse enquanto me deitava em seu colo:
-Você é incrivelmente bonita. - E selou as palavras em minha bochecha.
Logo depois disso, dormi. Tarde com chuva mais colo e cafuné era igual a sono profundo no meio do dia.
Fui abrindo os olhos aos poucos, espreguiçando, enrolando como sempre fazia. Busquei o corpo dele junto ao meu, mas não estava mais no sofá e nem ele, ali. Levantei ainda um pouco sonsa e fui até a sala. Olhei a janela e percebi que o Sol já virara Lua. Ali, duas caixinhas de comida chinesa estavam sobre a mesa, ao lado de um caderno com uma fita azul e ele, ah! ele estava ali sentado de peito e braços abertos. Fui até lá e sentei em seu colo perguntando o porquê daquilo tudo.
Ele pegou o caderno de fita azul na mão, entregou-me e disse:
-Essa é a licença para as outras histórias existirem.
Abri o caderno que cheirava a novo e em cada rodapé de página uma mensagem se seguia: "você é incrivelmente bonita", "boa noite, querida", "se precisar me ligue", e muitas outras.
-Obrigada - abracei-o ainda meio mole pelo sono.
-Antes que pergunte, as mensagens são para que se perca em suas outras histórias, mas ao final delas lembre-se sempre que tem pra onde voltar.
-Pra nossa história? - Perguntei bocejando.
-Pra mim. - E aquela fita azul era tudo o que eu precisava.

Isa G.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Muitos passarão...


Foi durante o pôr-do-sol de um domingo que aqueles passarinhos cantaram minha tristeza.
-Terei que partir – ele disse ainda deitado olhando o céu.
Eu estava com a cabeça em seu peito e pude ouvir o coração disparar. Não quis sair dali, não quis olhar praqueles olhos cor de esperança com turquesa que eu já via no céu. Fechei os olhos e suspirei.
- Tentei prolongar ao máximo essa partida, mas não consigo mais. Uma parte maior de mim acha que devo ir; embora uma parte inteira me mande ficar.
-Então por que vai? – Criei coragem e me apoiei sob o cotovelo para que pudesse olhá-lo. Ele sorriu, colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e passou a mão vagarosamente no meu rosto: testa, bochechas, nariz.
-Tenho medo de ficar e criar raiz. – Disse e me puxou para que deitasse de novo.
Esse era um medo que eu não podia questionar. Existem os que temem o vôo, a queda, a liberdade que a vida dá. E aqueles que temem o chão, afundar na terra e criar raízes, laços, a grade que a gaiola, mesmo segura, dá. Alguns nasceram pra partir e outros pra esperar a chegada. Uns foram feitos de pena e ar, outros de pedra e sangue.
-Querida, não ache que estou indo porque não te quero mais. Aliás, acho que vou porque te quero até demais. Dá medo querer uma pessoa tanto assim. Sabe que essa oportunidade já tinha surgido outras vezes, acho que é hora de aceitar. – ele disse passando a mão em meu braço acho que na tentativa de me esquentar por fora porque por dentro, passava a ser fria, uma tempestade inteira se instalara em mim. Chovia na alma, trovejava no lado esquerdo, escuridão densa na cabeça.
Foi quando um bando de pássaros passou por cima de nós.
-Acha que estão indo ou voltando? – perguntei.
-Hein?
-Os pássaros. Acha que estão indo ou voltando? – repeti.
- Acho que... Indo! Não sei! – ele riu confuso.
Abracei meu corpo fortemente junto ao dele e sussurrei para que ninguém mais descobrisse o que iria dizer:
-Pois toda viagem de ida é também uma viagem de volta, depende de como e quando você para pra olhar.
-O que quer dizer com isso? – sussurrou em resposta.
-Que você vai deixar saudade, mas quando achar seu lugar ao mundo, seu lugar seguro, quando descobrir onde ficar fará como esse bando e mesmo que parta, um dia vai voltar. – Falava isso com aperto no coração, quase não acreditava no que dizia, mas... Quem sou eu pra impedir um ser livre de voar?
Ele nada disse, eu nada questionei. Continuamos ali observando o pôr-do-sol e os pássaros que aos poucos iam partindo/voltando e levando com eles toda minha tristeza e dor de libertar aquele que eu mais gostei.
-Eu te passarinho! – ele disse.
-Eu te passarão!

Isa G.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Não me culpo mais...


É aquele ‘something else’ que só você tem que não me permite te esquecer. É aquele seu jeito de andar com uma mão no bolso e a outra que segurava a minha, o jeito de passar a mão no cabelo quando pensava pra dar uma resposta, o sorriso sempre meio aberto e os olhos quase sempre atentos. Aquela voz mansa, manhosa que conseguia me acalmar e as graças que fazia sem nem perceber. A atenção ao me ouvir contar o dia, desabafar tudo que queria, os elogios que dizia pra me ver ficar bem. As surpresas, a paixão por pizza e batata palha, a preferência ao suco e água, as promessas que nunca fazia por saber o que penso delas. A paciência de explicar as piadas que eu não entendia e o riso solto ao me ouvir dizer ‘bom dia’. O jeito observador, analítico, a forma como escolhia as palavras e a hora de falar (até incomodava no início). Tudo isso é ‘somenthing’ seu, ‘nobody else has’: a forma que seus dedos caminhavam pelo meu braço, a pinta no seu ombro esquerdo e a saudade que ocupou o espaço...

Isa G.

Um estranho na rua 18...


Um dia andava despreocupada pela rua quando deixei meu relógio cair (não pergunte como. Sou desastrada por natureza). Abaixei-me para pegar juntamente com esse cara que vinha em minha direção.
-Obrigada – eu disse.
-Não há de quê – ele respondeu e nos levantamos.
Sabe aquele tipo de terno e camisa meio aberta, cabelo jogado e um sorriso pendente pro lado esquerdo? Ele era exatamente assim. Os olhos eram uma mistura de café com amêndoas e refletiam o brilho daquele dia. Só quando nos levantamos percebi o quanto era mais alto.
- Prazer em conhecê-la – e estendeu a mão grande, exibindo o sorriso esquisito-charmoso.
- O prazer é meu – aceitei sua mão e sorri em resposta.
Era um aperto forte, quente e por um momento ele fechou os olhos ainda me segurando firme e quando os abriu olhou no fundo dos meus e disse:
- Engraçado! Algo muito forte te protege e parece gostar muito de você.
É claro que não pude deixar de rir. Um homem todo sério como aquele na verdade era o que? Um vidente?
- Desculpe – eu disse – Mas o que é isso? O que isso quer dizer? Essa é sua tentativa de começar um papo? – me arrependi de usar essa palavra assim que a disse! Quem em sã consciência fala pra um cara desses “começar um papo”? Mais uma vez ele sorriu tortuosamente, abaixando a cabeça.
- Se eu quisesse começar “um papo” – disse sarcasticamente – com você a chamaria pra tomar um café ou algo do tipo. – Arregalei os olhos e ele percebeu a grosseria que havia feito – Desculpe – e tocou meu braço – não quis dizer isso. Só estou tentando explicar. Não sei o que acontece comigo, às vezes, só às vezes mesmo, tenho essa sensação de sentir o outro. E sentindo você – apontou pro centro de mim – deu pra ver que é muito protegida, não precisa ter medo de nada nem ninguém. Está tudo muito bem definido na sua vida e esse ente protetor vai estar contigo em toda sua caminhada.
Claro que ele não sabia a força que essas palavras tinham sobre mim porque não me conhecia. Mas nesse dia, essas palavras caíram como gotas de chuva no meio da tarde: tranqüilizaram, refrescaram, surpreenderam. Ouvir que algo te protege quando está prestes a desistir de si mesmo, saber que tem alguém sempre por perto quando a solidão parecia ser a única companhia, saber que alguém ouve e cuida e é sempre...
- Está tudo bem? – ele perguntou. Fiz que ‘sim’ com a cabeça e perguntei:
-Seria uma espécie de anjo? – dessa vez ele não sorriu. Os olhos cor de mistura estavam sérios em análise aos meus.
- Se você acreditar. – respondeu e deu um longo suspiro.
- Eu acredito. – E acreditava mesmo. Desde pequena fui influenciada a acreditar em anjos da guarda, toda criança pede ao ‘anjinho’ proteção. Eu fui uma dessas e agora sabia ter sido atendida. Era tudo o que precisava naquela manhã: saber que era especial tão especial que tinha um anjo só pra mim (não é egoísmo não. É questão de carência mesmo. Naquele dia foi). Ter a certeza de que tudo passaria, que tudo estava sendo porque deveria ser. Sentir-me acolhida e protegida. E esse cara que pegou meu marcador do tempo no chão me proporcionou tudo isso. Minha calmaria veio de um estranho , a minha fé maior veio de suas palavras.
- Então é isso – ele piscou e balançou a cabeça como que para se livrar de pensamentos – Agora posso lhe compensar pela minha loucura e levá-la pra tomar um café?
Aceitei seu convite e caminhei mais segura. Segura de que se eu precisasse alguém estaria ali pra mim, que se eu tombasse, encontraria forças pra levantar, que eu não era mais sozinha.
Esse sim... Era um começo de um papo.

Isa G.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dor de reticências


E lá no fundo ainda sinto sua falta e aqui na superfície você ainda me dói.

Isa G.

Incondicionalmente...


Conheço um batalhão inteiro de gente. E é gente de tudo quanto é jeito e forma: os agressivos e os melosos, os grandalhões e os míudos, os que apóiam e os que derrubam, os sinceros e os mascarados. É tanta gente nesse mundo, tanta diferença, que soa até um absurdo dizer que são poucos os que me acompanham. Mas pensando bem, não é absurdo não. São poucos, mas me bastam.
Acho que é como um quebra cabeça de infinitas peças: no meio de tantas, com milhares de opções, encontrei aqueles que resultam no meu quebra-cabeça final: eu. São eles que me fazem quem sou, são deles que guardo as melhores lembranças e é pra eles que estarei sempre ao dispor.
E com cada pedacinho que vai se encaixando aqui e ali, eu me monto. Olhando assim, analisando-os separadamente parecem não ter nada a ver, parece que nunca vão encaixar, mas encaixam. Todos têm algo em comum: a peça fundamental chamada amor.
Têm aquelas peçinhas que às vezes somem, escondem-se no meio de tantas, tem aquela que se destaca e está sempre ali por cima aparecendo, querendo ser vista e encaixada, têm as que aparecem de repente e passam da mesma forma e há aquelas que aparecem pra ficar.
Dou graças a Deus por ter amigos quebra-cabeça. Sabe por quê? Se todas as peças fossem iguais não haveria encaixe, não haveria eles e consequentemente não "me haveria".
Sei que tenho amigos loucos, roucos, que caminham por todo lugar. Sei que alguns são fortes, de pedra, não se deixam abalar. Já outros são manteigas derretidas, têm o sol no olhar. Alguns' filosofia', outros 'badalar'. Tem os que são todo dia e sempre e os que são quando os aciono e sempre (por dentro). Só uma coisa é certa: conheço um batalhão de gente por aí, mas o meu batalhão... Esse não tem pra ninguém!

Isa G.

Obs.:Obrigada à todos vocês, amigos(as) por fazerem parte de mim no mundo e na vida! Por me fazerem mais feliz e não deixar que eu desista! Sei que digo isso sempre e todos vocês sabem, mas como hoje é o dia de vocês, digo e repito o quanto for preciso: amo, amo, amo, amo, amo...infinito...vocês!

Refrão de um bolero


Teus lábios são labirintos que atraem os meus instintos mais sacanas...
EngH.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Efeito dominó...


E não é que o silêncio ajuda?! Sempre recriminei aqueles que me diziam 'preciso de um tempo', 'necessito ficar só', 'estou colocando a cabeça no lugar'; costumava ficar inconformada com tais atitudes. "Como pode alguém querer viver em paz? Em total silêncio? Em companhia apenas do tic-e-tac do relógio e nada mais?" me perguntava... Mas hoje eu sei.
É que realmente a ausência de palavras bota as coisas no lugar. Quando não há falas, promessas, perguntas retóricas pra incomodar, também não há contratos, esperas e fica mais fácil saber deixar passar. É o silêncio e não um caminhão de palavras auto-explicativas que faz o ouvido doer, o coração tremer, o cabelo arrepiar e a gente até suar de ódio, mas depois... Depois de tanto silêncio, tanta calmaria do lado de lá da parede, de tanto gritar por dentro e nem o eco responder, a gente aprende a silenciar.
Aí é hora de calar primeiro a boca, depois o peito e por último a memória. Antes eu odiava e desconfiava de quem sabia ficar em silêncio, conseguia viver somente consigo mesmo esperando tudo se ajeitar por conta própria, mas percebi que é um "efeito dominó". Uma pessoa só silencia quando ouviu silêncio do lado de lá.
Acreditava que todos aqueles que não me davam resposta, retorno, seria porque não davam a mínima para mim, mas já não penso mais assim. Acho que aqueles que optam por calar os sentimentos é porque sabem que o silêncio fere, mas depois cura. Já as palavras... Ah! essas traiçoeirinhas... Elas, como têm existência real, ficam também reais na mente da gente. Ficam ali, latejanto, cobrando, querendo saltar, fazem um redemoinho por lá (desconfio que, por isso, os loucos nasceram de palavras e os sábios do silêncio).
O silêncio faz por nós aquilo que as palavras que ficaram por serem ouvidas não fizeram: anestesiam a alma. Então, se alguém não te der respostas, se você gritar, gritar e só o travesseiro te ouvir, se achar que o mundo te virou as costas, mude de opinião. Só dá silêncio aquele que sabe o sentido da dor. Só proporciona silêncio aquele que não quer deixar doer. O silêncio só vem de quem se importa, te ama e cuida. Quem não dá a mínima é que vai argumentar, afinal, são as palavras que marcam. Com o tempo quem se calou também será calado do lado de dentro. É tudo "efeito dominó". Uma pessoa só silencia quando ouviu silêncio do lado de lá.
Isa G.

domingo, 18 de julho de 2010

Defeito de fábrica


Às vezes penso que vim ao mundo com um defeito de fábrica: coração em excesso. É coração nos pés e por onde ando, nos braços e em cada abraço, na cabeça e em toda decisão. É coração nas costas e em cada apoio, no ombro e nos consolos. É tanto coração espalhado no corpo, tanto sentimentalismo nas extremidades, que no meio, no anseio do peito só me resta... Solidão!
É difícil carregar no peito um buraco traiçoeiro que dói sem apertar. Vazio, coitado! Mas até esse defeito tem o lado bom da moeda: tendo o coração espalhado por aí, mudando sempre de lugar, abrindo sempre novos caminhos fica mais fácil caminhar: dá uma leveza no meio do corpo, um equilíbrio pra não tombar!

Isa G.

sábado, 17 de julho de 2010

"A"risque

  

  Tenho um medo danado de arriscar: atravessar a rua, vestir vermelho, pintar o cabelo e deixar o novo chegar. Ficar um tempinho a mais conversando e arriscar perder o ônibus, a razão, arriscar ver o tempo passar. Tenho um medo louco dessa palavra e como boa virginiana resolvi analisar. "A" na língua portuguesa além de ser vogal assim sozinha e bonita assim, iniciar palavras tristes: "adeus", responsáveis: "alteza" e de conciliação: "aliança", carrega também o dom da negação. Então...bem...separando arriscar, fica: A/rriscar ou A/riscar.
   Tudo bem. Um risco, geralmente, é um traço reto, alinhado, bem traçado e determinado, se não fosse assim... Viraria rabisco! Um risco é algo certo, sem movimento e rotação. É tudo o que preciso. Tenho necessidade de pisar em concreto, terra firme, paz no coração. Um risco é metódico, bem analisado, bem feito e definido. Quando alguém diz: "Ah, vou fazer um risco!", dá pra saber muito bem o que esperar. Não tem surpresa, é seguro, dá pra confiar. Um risco vai ser sempre risco aqui ou em qualquer lugar!
   E se caso eu decida colocar um "A" na frente do meu risco! ai, ai, ai! Não sei onde vou chegar. Acho muito arriscado colocar o "A" em risco, coitado! Colocá-lo em perigo e ficar sem ter onde pisar. Mas se alguém vem e faz um rabisco, desenha um símbolo do infinito, põe as curvas no lugar... Acho que posso vir a achar bonito e quem sabe assim...resolva o "A" riscar!
   É, amigo... É assim mesmo... Quem não risca, não tem onde chegar! Já reparou que são as curvas que nos dão a direção? Não?! Risque o "A" e se •venture a descobrir!

Isa G.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vento Ventania...


Relaxa baby e ouça o que eu digo: Paixão é que nem vento; vai do sopro à calmaria.
Deixa essa ventania te carregar, descabelar, te pôr no chão! Acredite, quando você não tiver mais forças, achar que o vento foi sua punição, alguém te estende a mão! Relaxa garota! be happy and forget the tears!
Se o vento quer te levar, vai junto! Se ele quiser te derrubar, sente antes! Se ele soprar pra um lado que você não quer ir...bem, vá! Às vezes tem muita coisa boa do lado de lá e o vento, que queria ser maldoso, acaba sendo boa gente! So relax girl, take it easy. O vento sopra pra onde tem que soprar... E se ele achar que é sua hora de cair...caia e ria muito porque pode ter certeza que a calmaria...virá.

Isa G.

Mar e Ana!


"Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina que já conseguiu dominar o amor. Por que que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar..." - Ana e o Mar

O Teatro Mágico

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dente-de-leão


Sabe o que eu queria ter às mãos agora? Não... Não... Assim, ter você agora não seria uma má idéia, mas não. Queria mesmo era um dente-de-leão. Não, bobo, tô falando é daquela florzinha que também carrega o nome de esperança. Aquela que ninguém dá nada quando vê, mas quando pega e carrega, quando sente a leveza ali... Nas mãos, sente um alívio tão grande que dá até vontade de voar junto dela. Sim, eu já tinha te dito que ela voa. A gente sopra e ela vai. Lindo, não?
É o que vou tentar fazer com você agora! Assim... Você já foi né, só me falta soprar! Então venha dente-de-leão! Venha e me trás a esperança e me dá libertação!
Isa G.

"Fake Plastic Trees"


Uma dor tão grande invade meu peito quando aquela música começa a tocar de repente. É porque toca você, então te ouço, sinto e desejo e lembro e quero e anseio. Entrego-me à melodia, às cordas do violão numa vontade insana de voltar no tempo, ouví-la sem sentir doer.
E a dor maior é quando a música acaba; aos poucos a voz do cantor se esvai pela minha memória, mas você fica: impregnado, latente, tão perto que posso te ouvir respirar, sentir o coração forte bater. A música sempre vem e vai, mas você vem e não parte. Entende isso? Como dói saber que você está aqui sem estar. Saber que tudo que me lembra você vem e passa, mas você não vai passar?
A dor maior é ouvir a música sabendo que agora ela é minha, linda e sempre vai doer.
Isa G.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

'El camino se hace a caminhar'

  

Ela caminhou cabisbaixa e pesadamente ladeira a baixo. Vinha do nada e ia em direção a lugar nenhum porque nada importava mais. Não tinha mais noção de tempo, espaço, sentidos. Caminhava pra ver se, talvez assim, se desfizesse aos poucos: um pouco na chuva, muito no asfalto. Caminhava com pés cortados, que doíam bem menos do que o coração machucado. A dor no peito anestesiava as outras. Caminhou com lágrimas, sangue e saudade até não aguentar mais. Sentou no meio de um quarteirão da cidade movimentada que a seus olhos parecia vazia. Deixava a chuva cair em seu rosto lavando o rosto já limpo, levando o sal.
   Ele caminhava de queixo erguido, ladeira a cima. Vinha da fé em direção ao sucesso porque sempre foi de correr riscos ligados a si mesmo, sempre acreditou muito em sua capacidade e agora seguia... Caminhava orgulhoso de ser quem era, estava indo em busca de algo há muito desejado. Parecia feito de pedra, cminhava firme sem olhar pra trás.
O que ninguém vê é que por dentro ele desce, teme e treme com medo de estar indo na direção errada. Ele arrisca sempre porque tem medo do que pode não chegar caso opte pelo mais seguro. Por dentro ele não só olha pra trás, como ainda está parado em algum lugar por lá. Por dentro até a pedra sangra, por dentro até ele chora. Caminhou seguro de si, mas em um lapso optou por parar. Sentiu que faltava algo. Sentou-se no meio do quarteirão da cidade movimentada que a seus olhos passava em câmera lenta. Com os braços apoiados nos joelhos, escondeu o rosto. A chuva aumentava e como ele nunca gostara de tempo fechado, colocou seu capuz e pela primeira vez... Olhou pra baixo. Fez isso pra evitar algo que vinha de cima, que era maior que ele. Era chuva e algo mais... Ele... sempre tão seguro, estava agora sem saber o que fazer.
   Ela não sabia disso, mas se olhasse um pouco a cima veria a placa escrita: "Rua da espera"; Ele também não sabia, mas se olhasse a sua frente veria a placa escrita: "Rua da esperança".
Tratava-se de duas ruas paralelas e, pelos nomes, não é de se estranhar que fossem as mais movimentadas. Na vida, ou esperamos diretamente ou a esperança surge indiretamente pra nos fazer acreditar que algo, um dia, pode vir, pode chegar.
   Realmente ela esperava. Esperava que tudo ficasse bem, que ele fosse feliz e conseguisse o que sempre quis, que esse sentimento de falta passasse, que a saudade acabasse e que um dia as lembranças deixassem de doer e passassem a ser apenas bonitas, como tinham sido um dia. Mas o que ela mais esperava, ainda sem saber, era que um dia ele voltasse e mais do que isso... A encontrasse, resgatasse, descobrisse o erro que cometeu.
   Ele tinha medo de admitir, mas certas ruas não nos deixam mentir: ele ainda tinha esperança de um dia voltar a vê-la, tê-la, saber que aquele sorriso tímido que ela sempre dava seria pra sempre seu. Ele tinha esperança de voltar e encontrar tudo o mesmo. Tinha esperança de que ela a esperasse e mais que isso... O amasse.
   Estavam sentados em ruas paralelas. Tão pertos, tão longe do lado de dentro. Um sentou pra esquecer e o outro pra lembrar. Um por ter medo de seguir, o outro por querer continuar. Um pra ter esperança, o outro pra esperar.
Na matemática se aprende que linhas paralelas não se cruzam jamais. São infinitas no começo e também no fim. A matemática é perfeita e graças a Deus, a vida não. Talvez o engenheiro, arquiteto, ou um louco a céu aberto tenha estragado alguma rua por aí... E talvez, só talvez, quem sabe... Seja nesse defeito o reencontro dos dois porque talvez, só talvez, eles ainda se reencontrem. Daqui onde estou vejo que logo ali na frente, ali ó... É... Está um pouco loge, mas dá pra ler bem pequenininho a placa escrita: "Rua do destino" e dessa rua... Ninguém foge.
Isa G.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

'Solvardia'


E o dia começa já assim: O Sol raia pra mim, só raio pra você.
- Bom dia Sol - digo! Quando o que eu mais queria era beijar você.
Isa G.

domingo, 11 de julho de 2010

Mais do que se pode querer...


Dedico essas palavras àqueles que me dedicam tempo e amor. Àqueles que não são família, não são de sangue, mas são de peito, coração, aliança espontânea, firmeza, rocha, alicerce.
Àqueles que não estão comigo o tempo todo, não vivem sob o mesmo teto, mas quando preciso, quando quero e nem grito, aparecem. Alguns até adivinham. Dedico essas palavras para aqueles que tenho meu maior amor: à vocês! Amigos(as) que fiz irmãos(as).
Àquela que faz o melhor brigadeiro de bêbada e me ouve falar mil vezes sobre o mesmo assunto. A que é parte de mim perdida no mundo.
Àquele que sempre sabe quando eu preciso e, mesmo nos estranhando às vezes, não me abandona, não desiste de mim. Obrigada por me fazer seguir.
Àquela que está perto, a quem faço confidências quase diárias e me meto nas maiores loucurar. À ela que faz muito por mim e sabe que sou capaz de muito por ela.
Àquele que é novo no peito, mas parece antigo na alma. Espero que permaneça.
Sem vocês (minha melhor família) estaria perdida. Vocês são ponte, moradia, essência e essencialmente essenciais em minha vida.
São aqueles que me colocam pra cima, fazem guerra de travesseiros, noites de pijama, baladas insanas ou uma conversa de quarenta minutos ao telefone sobre coisas banais que surtem efeito relaxante no dia.
A todos vocês fica aqui o meu agradecimento. Sou quem sou porque estão comigo. Elegi vocês e por sorte fui eleita em troca.

Isa G.

Infinitivo...


Fiz mais do que morrer de amor por você: eu vivi! E depois de tanto viver, ter ficado em estado de graça, ter sido sua, não é de se estranhar que me sinta tão cansada, traída e louca; louca pra te esquecer.
Fiz por você o que deve ser feito no amor: cuidei, preocupei, estive ali sempre, passei por cima dos meus medos e problemas pra te livrar dos seus. Fui altruísta ao ponto de esquecer de mim. Talvez esse tenha sido o erro, mas um erro de amor é sempre um quase acerto. Ah! Se você soubesse o quanto eu tentei continuar sendo sua. O quanto eu queria continuar te ouvindo ao telefone todas as noites e saber que estaria junto a ti em breve.
Entreguei-me tanto à você, tão inteira que me sinto cansada de sentir, nem eu ando me agradando mais. É incrível como tenho a terrível mania de me entregar por completo. Nessa altura do campeonato já deveria ter aprendido que todos quererm exibir a garrafa inteira, mas apreciá-la aos poucos. Será mesmo que a completude assusta? Será que como um espantalho, sempre ali parado de braços abertos e sorriso na cara, será que como ele faz com os corvos, fiz com você?
Já fiz tantas juras a mim de não pensar mais em "nós", em você, jogar nossas lembranças num canto escuro do pensamento e deixá-las acumular pó pra nunca mais. Jurei parar de dar 'boa noite' ao vento sempre antes de dormir. Só juro pra aliviar a dor. E nem assim ela me deixa.
Pergunto-me toda noite o que nos levou ao fim. Nenhum de nós estávamos de coração limpo, mas sabíamos disso. Será que foi por sufocamento de amor da minha parte ou por falta de coragem da sua? Só você não enxerga que indo embora vai estar fugindo do seu passado e que isso não adianta. Ele vai estar contigo em qualquer lugar do mundo. O passado é um tipo de bagagem sem escolha de carregamento ou não. Você pode até tentar, mas não vai conseguir a fuga de si mesmo. Rs! Mas é tão cabeça dura e fechado em sua casca artrópode de escorpião que vai tentar o que der na telha. E o que te deu na telha foi ficar sem teto e ir por aí...
E eu? Eu fico louca tentando te deixar ir. Fico louca pra tentar me livrar do você em mim. Fico vendo você seguir sua vida, nas festas com os amigos por aí, superando tudo tão rápido, mas nem isso me consegue fazer seguir em frente. Sou melancólica por natureza. Não vou sair por ai fingindo que está tudo bem. Não sei fingir, mentir, enganar. Seria uma péssima atriz e comigo você foi o melhor ator.
Não sei jogar no amor nem acho justo que existam jogos em sentimentos. Se o erro foi meu, seu ou de ninguém... Já não importa mais. A minha maior preocupação agora é não morrer depois de ter ficado tão cansada, é matar o que ainda resta seu dentro do meu peito e na memória, é sair dessa mais viva do que entrei. Só preoucupo em te superar.
Não vou enganar a ninguém: ter sido sua foi o melhor que já fui. Com você tentei ser a melhor possível e esquecer tudo tá muito difícil porque tudo ainda respira o que fomos, traz lembranças à tona e dá um nó tão grande na garganta que sufoco. Talvez o meu veneno que te sufocou esteja agora matando à mim.
Sinto sua falta... E da mesma forma que eu mim será infinito, talvez eu não consiga parar de escrever à você aqui porque são tantas coisas que ficaram por dizer, tanto que ficou por ser, que encontro aqui a única forma de tentar me conformar. Melhor só... Parar agora. De te escrever. Pensar em você. Parar de viver de amor e começar a viver por mim...

Isa G.

"Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem". Caio F.

sábado, 10 de julho de 2010

'Tudo que é bonito agora dói'

Tá estranho. É estranho ter que 'deixar pra lá' todas as lembranças boas só pra não doer por dentro... O que foi bom deveria machucar assim?

Isa G.

Isolare


Sim, ando com uma tendência a isolamento. Não me leve a mal, não é por mal. É que ando tão magoada com a vida que se continuar andando por aí como antes vou acabar me tornando quem não sou. Estou mal e não quero espalhar o que não é bom, por isso estou assim, aqui nesse quartinho fechado e escuro tentando me esconder de algo em vão, sabe por quê? A coisa da qual eu tenho medo, queria esquivar-me está dentro de mim. Como fazer quando seu maior inimigo é você mesmo? Cara, não sei.
     Sei que está doendo. Dói por dentro, sinto por fora. A cara no espelho agora só abatida. Não há maquiagem que dê jeito, não há sorriso que pare. Pra que deixar que outros me vejam assim? Pra que ficar falando de desgraças por ai? Prefiro a dor do isolamento, prefiro essa loucura inútil de deixar passar o que veio pra ficar. Prefiro ficar aqui por tempo indeterminado do que sair por aí com um inimigo público: eu.
Preciso urgentemente me livrar de mim, renovar-me, deixar de ser quem eu era e ser quem serei.
    Falo pras paredes o que eu queria gritar pro mundo, olho pro canto escuro onde ele deveria estar, olho pra fora e a vontade de fugir me entorpece.
Não venha me questionar, dizer que sou doce e meiga e que não preciso mudar. Vou falar na sua cara: "Larga de ser falso". Se estivesse tudo bem comigo, estaria tudo bem. Então por que essas porcarias de dias não melhoram? Por que por dentro tô um lixo, um caco? Não venha me dizer que tudo vai passar, vai ficar bem e que o problema não é comigo. Se for pra dizer essas coisas, melhor me deixar aqui. Isolare será a melhor opção.
    Agora, se me entende... Me deixa aqui e me espera aí fora que prometo sair nova e de bem com a vida. Espera que eu me limpe, jogue fora essa pele velha e melancólica e vista uma de ferro, que jamais voltará a sangrar. Ah! mas é claro: mudarei também o órgão vermelho, chato e pulsante que carrego no peito. Deixarei-o em algum beco escuro por aí, junto com outras lembranças que já não fazem mais sentindo.
Voltarei tão de ferro e corajosa que terá orgulho de mim.
Só não posso garantir... quanto tempo vai levar. Por enquanto ando com uma tendência a isolamento. Não me leve a mal, não é por mal. Ando pensando mais em mim e essa é única parte dos dias que tem valido a pena.
Isa G.

Ando down, down, down...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tudo o mesmo...

E a gente anda por aí achando que as estórias não se repetem, que corações são diferentes e pessoas não reagem igualmente. Ilusão. No fundo, no fundo é tudo o mesmo! Mudam-se os personagens, permanece o roteiro. Grandes corações, grandes ilusões, pequeno acontecimento com grande repercursão. No fundo, no fundo é tudo o mesmo: Corações estraçalhados por baixo de uma pele 'supostamente' dura. Te digo: É falsa. Não se iludam. São todos palhaços fora de casa. Quero ver é quando a noite bate e a solidão chega. APOSTO: é tudo o mesmo!
Isa G.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lucy in the sky with diamonds...

foto by: image bankers

Hey, Lucy! Vejam só! Como a garotinha cresceu! Longe de tudo e de todos, sempre sonhando, buscando, querendo ser grande. Conseguiu, mas não pára! o céu-limite com diamantes não a deixa desistir. Olhem só! Como ri, como está feliz, como age como gente grande, mas tem a inocência e pensamentos de criança (não se deixem enganar achando que crianças pensam bobagens. Se não tivessem pensado como crianças, onde estariam hoje?).
Hey, Lucy! Vejam uma coisa. Ela partiu ainda pequena para sonhar, foi corajosa e com coragem por uma estrada que muitos temem caminhar: o desconhecido. Essa garotinha com sorriso estampado e olhos mansos (que não são de Capitu) é uma fortaleza por dentro. Às vezes nem ela sabe disso, mas ainda descobre. Já descobriu tanta coisa.
Hey, Lucy! Onde estará? Tem gente que nasce sem lugar no mundo e isso,acredito, é uma benção porque dá a essa alma o direito de andar por aí sem amarras, laços, raízes, sem se preocupar pra onde ir e quando regressar. Ah! Lucy! Que sorte tens. O mundo agradece por distribuir esse seu gigante coração em pedacinhos por aí. Vai...Sonha...Realiza...Ela nasceu pra dar esperança.
O meu maior remorso é saber da saudade que uma menina assim pode deixar: nos pais, nas amigas, nos infinitos namorados que vieram e nos que estão por vir, que sentem saudade por ela ainda não ter chegado.
Guimarães Rosa disse que "toda viagem é uma viagem de volta", como fico feliz por, hoje, concordar com ele. Lucy está voltando. E volta com uma bagagem nas costas que os andarilhos a ensinaram a carregar: carrega a força nos pés, o equilíbrio nos pensamentos e as lembranças que soube acumular.
Sabem, impressiona-me o fato de que cada um, cada vez mais, age por individualidade. É cada vez mais EU, EU, e EU. E, acreditem, quem é Lucy, não é assim. Mesmo sem forças próprias essa garota dá apoio, mesmo sem ar e sem crença, ela manda respirar e acreditar. Ela descobre a fé pra repassá-la, aprende pra ensinar, caí, mas se levanta. É de pedra sem ser dura. É de diamante sem se achar (e sem saber), é de sonho e de seda.
Sorte minha e de todos que ela vague por aí, mas a sorte maior hoje fica comigo: Eu sei que ela está voltando e sei onde vai estar. Hey, Lucy! Amiga, irmã! Obrigada por voltar.
Isa G.

"Saiba que amigos vão e vêm, mas nunca abra mão de uns poucos e bons"

Como um anjo caído I


"Como um anjo caído fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira".

Chega. Chega de mentir pra mim, pra você, para aqueles que me cercam. Chega de fingir que já te esqueci. Tá, tudo bem! Aceito que em você não reste nada do que fomos, nada do que sou, mas em mim? Em mim te tenho completo, ainda. E fingir que está tudo bem, sair por ai exibindo falsos e incompletos sorrisos só me machuca mais. É porque não sou acostumada a usar máscaras, fingir que sou o que não sou, dizer que sinto o que não sinto. NÃO! Comigo é preto no branco, sim ou não, você ou ninguém. E no momento, nem um nem outro. Em momento algum menti pra você e agora tenho que metir a mim mesma pra tentar te esquecer, te proteger dos meus sentimentos que ainda estão intactos aqui. "Gosto de você" queria dizer, mas já não posso mais. Se você pudesse ler minha mente, se estivese aqui, rente, saberia o que sinto só de me olhar. Estou andando pelas metades, nenhum abraço me aperta, nenhum sorriso me basta, nehum aperto de mão é o seu. Minto pra mim mesma na tentaiva de seguir em frente, mas preciso dizer: Desisto.
Não, não. Não desito de mim, nem de você, muito menos de sentimentos ou da vida. Desisto só de... fingir. Vou me entregar à minha verdade: Não dá pra te esquecer.
E se isso não é possível, a única escolha que tenho é te deixar aqui dentro e cuidar do sentimento que restou e rezar pra que ele vá passando aos poucos. Vou continuar pensando em você e em como está, se está feliz ou não e por onde anda. Mas a verdade é: Vai estar sempre em mim. Sabendo ou não, querendo ou não.
Há uma marca sua em meu peito, em meu rosto, na minha transparência. Encare essa verdade porque eu... Cansei de mentir pra mim mesma...
Isa G.

domingo, 4 de julho de 2010

Deixai passar

Já reparou em como a maioria dos escritores escrevem sobre o esquecimento? Mas e quanto a deixar passar? A cada dia que passo me convenço de que esquecer alguém é muito fácil, simples, indolor. É só não pensar mais, não procurar e pronto. Rá! Se fosse só isso. O problema é que junto com esquecer vêm o "deixai passar". É preciso que se queira esquecer e que se deixe o que passou ficar no passado. É aqui que tudo complica. Temos a terrível mania de nos apegar a fatos, momentos, pessoas, gestos e quando tudo parece perdido, esquecido, queremos resgatar. Tudo o que houve de ruim é esquecido porque o sentimento de perda fala mais alto e algo dentro de nós grita: ISSO NÃO PODE ACONTECER! É o orgulho ferido, aquela sensação de incapacidade, uma dor no peito como se uma mão gigante o segurasse firme.
Nos entregamos então às lembranças, passamos a viver no passado, a sonhar com o que poderia ter sido... E não foi. Ninguém quer deixar passar. É doloroso demais deletar um pedaço do roteiro, uma cena, um alguém. E é ai que a gente sofre. Sofre não porque não consegue esquecer, mas porque não quer deixar passar. Nessas horas em que me pego presa às lembranças, aos momentos bons, à essa mania de aprisionamento, a esse medo do que vai ficar e do que pode vir... Pergunto-me o que faria se eu pudesse deletar parte da minha vida como em: "Brilho Eterno de uma Mente sem Lmebranças". Seria melhor? Mais confortável? Às vezes penso que sim e logo em seguida decido que não. Precisamos aprender a sair dessas sozinhos. Por isso... Deixai passar.
Isa G.

"Eu quis tanto ser a sua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu"  Caio F. de Abreu