quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E agora?


"Eu sempre tenho que falar menos, pensar moderadamente, sentir sem tanta intensidade, cortar textos, dosar o amor, diminuir a ansiedade, equilibrar o medo. Minha alma de obesa sofre bullying o dia inteiro." - Tati Bernardi


A gente sempre acha que pelo caminho vai encontrar pessoas que nos aceitem como somos. Achamos que ter defeitos faz parte de ser humano, faz parte do ser humano. Acreditamos que as fraquezas quando assumidas podem começar a nos fortalecer, pois, passamos a enfrentá-las. Mas a verdade é que isso não acontece. Ninguém quer saber de outros defeitos além dos próprios. Ninguém quer ouvir problemas que não sejam os que assombram a própria mente. São todos egoístas por dentro. Todos têm medo de se envolver tão profundamente com alguém a ponto de não ser mais só um. Têm medo de dividir os problemas, mas não se importam de compartilhar os sonhos. As pessoas têm medo de quem deixa de ser luz por alguns momentos e passa a ser sombra. O ser humano gosta de sol, do que brilha.
Acontece, então, que não encontramos quem nos aceite como somos. E para tentarmos manter por perto aqueles que queremos que fiquem vamos nos mudando: fazemos terapia, deixamos de falar o que pensamos, vamos nos controlando emocionalmente, nos fechamos em nós mesmos e eles ainda esperam que encontremos luz. 
Eu assumo minhas fraquezas, assumo meus erros e sei que transbordo sempre. Sou assim, embora já não seja mais tão assim depois de tanto tempo caminhando por aí. Pessoas nos mudam o tempo todo e o tempo todo elas são mudadas por nós ( voluntariamente ou não). 
O fato é que quando nos perdemos em nós mesmos, quando não conseguimos enxergar um passo a frente por causa dessa confusão que é fazer a própria mudança, ninguém quer saber de nos encontrar. Ninguém quer saber de estender a mão. Por quê? Porque cada um tem seus próprios problemas pra lidar, cada um tem seus próprios medos pra enfrentar. E não sei se as pessoas são dispostas a lutar ao lado de uma pessoa que elas amam, mas que no momento esteja perdida, do avesso, confusa e meio louca. Não sei se elas aguentam o fardo de carregar um peso que não lhes pertence. Não sei se julgam valer a pena esperar que tudo se resolva e fique bem.
Mas, eu ,como boa romântica que sou, ainda acredito nas pessoas. Ainda acredito que pode haver espaço no coração de alguém que aguente um pedaço de um coração esmagado, cheio de dor que precise se recuperar perto de outro, e não longe, isolado, sozinho no meio de um poço escuro que somos nós mesmos.
Nós nos fechamos pra não sobrecarregar os outros. Quando o que deveria acontecer seria nos abrir pra viver mais leve mesmo com o peso que não é nosso. Porque isso é amor. Querer sofrer a dor do outro pra que ela cesse mais rápido. Querer não estender, mas dar a mão e segurar forte quando um enxerga a luz, mas para o outro tudo é escuridão. Amor é não saber se vai aguentar e mesmo assim querer ir em frente porque amor não é certeza, mas é vontade. 
Todos temos defeitos, medos, incertezas, traumas e sombras, e vamos encontrar pessoas que carregam tudo isso. E o amor, ele pode até não suportar, mas quando é verdadeiro ele não quebra, transborda.
Amor é conhecer os defeitos alheios, os buracos, os anseios e por mais que tudo isso assuste, e por vezes, desencoraje, estar de prontidão pra abraçar quando for cair no chão.

Isa G.