domingo, 15 de maio de 2011

Hei de ser: Borboleta em alto-mar

"Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro. Não conheço strip-tease mais sedutor." (Martha Medeiros)

Será, Martha Medeiros?

Se eu conseguisse dosar dois lados, se eu pudesse ser equilíbrio, se eu não fosse sempre extremo. Se eu soubesse respirar cem vezes antes de dar uma resposta, se eu carregasse uma máscara de paz sempre comigo, se eu não tivesse nascido com o coração exposto... Se. Se eu não fosse tão ‘eu’ talvez os outros me enxergassem melhor. Meu grande erro é ser ‘eu mesma’ demais. Tenho feito isso a vida toda. Mas ninguém quer saber dos seus medos, inseguranças, sonhos, fantasmas, sentimentos. Querem uma pessoa que saiba os assuntos da semana, do dia, da hora, com um sorriso sempre à mostra e um Ghandi bem dentro da alma. Querem controle, controlar. E agora? Posso mudar. Mas e se nessa mudança eu perder minha essência? E se eu me perder? Não consigo ser outra pessoa senão eu. Que chora quando a alma pede, que ri quando o corpo todo treme de felicidade, que cala pra não magoar, que fala por não ter medo de se mostrar. Sendo borboleta num aquário é de se esperar que os peixes enxerguem as asas como defeito, as antenas como aberração, o sentido de liberdade como prisão. Posso tentar ser peixe, mesmo que me afogue no fim. Eu tento. Só não dá pra continuar essa incógnita em pessoa que tenho me sentido. Vou voltar o coração pro peito, vou comprar um Ghandi e engolir, vou fazer ioga, pilates, terapia. Sou gelo e fogo, agora vou ser mormaço. Sou choro e riso, agora vou ser de aço. Sou coração e coração, agora vou ser... Vou ser barquinho em alto-mar. Se a onda subir, eu subo. Na calmaria, eu paro ou tranqüila navego. Se precisar remar, eu remo. Se infiltrar eu pulo. Uso bote salva-vidas. Ou melhor, asas. Afinal, posso até ser peixe, mas minha essência é borboleta... Borboleta aprendendo a navegar.

Isa G.

7 comentários:

  1. É que você sendo você mesma, de certa maneira, "afeta" os que também são eles mesmos. Cada um é cada um, cada eu é cada eu, e cada indivíduo, acima de qualquer coisa, quer apenas o seu bem-estar próprio.
    Linda comparação com a borboleta num aquário, Isa! Cada vez que passo aqui, me deparo com uma nova obra de arte incrível!

    Beijos!

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  2. Oie vim aqui dá uma espiadinha e adorei seu texto gosto muito da Martha Medeiros e gostei tbm da sua análise para a frase dela.
    Parabéns
    Dá uma espiadinha no seu blog venha conhecer o nosso tbm!
    Abraços
    http://uaimeu10.blogspot.com/

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  3. Êi linda, estou te seguindo.
    Lindo blog, me segue também?
    Beijooo ;**

    http://umamor-demenina.blogspot.com/

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  4. Ser a gente mesmo, ''despir a alma''-como escreveu Martha M.- dá um trabalho dando.Principalmente quando se sabe sentir acima de tudo.Quando se tem medos, quando leva-se tudo com intensidade.Que bom seríamos nos moldar quando quiséssemos.Sentir o que convém, agir como se quer.Mas não vale a pena correr o risco de perder a essência por deixar de ser quem é.

    Lindo texto Isa.

    beijo!

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  5. Oi, Isa! Primeiramente, vim agradecer pelo comentário lá no meu blog, fico feliz que aquele texto tenha falado tanto contigo! É uma honra! Peço desculpas pela demora, eu teria respondido antes mão fosse o problema do blogger que deu sumiço nos comentários de muita gente - inclusive nos meus-, o que me impediu de ver seu link.
    Obrigada, flor. Volte sempre que quiser! *-*

    Depois, que texto maravilhoso esse seu. Acho que todas as pessoas sensíveis tem problemas com o restante do mundo, pelo menos com o restante não tão sensível assim. É complicado, difícil ao extremo, mas acho que o que vale mesmo é lutar para continuar sendo quem somos, com nossos 'corações expostos', como bem disse.
    Adorei demais. Perfeito seu texto.
    Beijos!

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  6. Borboleta que se veste de peixe e sonhos que nos levam pra qualquer canto.

    Sou os dois lados, que brigam e que ganham e que perdem. Eu sou ambos, luz e sombra. E acho isso um barato.. ;)

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