sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O que nos separa


"...Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto.  Eu te ensino a nadar, juro!.. Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso,  enquanto tiver forças!Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena.
 Que por você vale a pena.
Que por nós vale a pena.
 Remar. Re-amar. Amar!"
Caio F. de Abreu


Você não imagina o quanto me dói ficar longe de você. Não tô falando de dor física não, nem nada tão grave que me impeça de levantar de manhã e encarar o dia. Tô falando de uma dor por dentro que me atinge toda vez que eu quero pegar sua mão, te abraçar ou ficar sentada no sofá te observando jogar videogame. E por mais que não seja fatal, incomoda muito. Como aquele machucado que não cicatriza e você sente doer mais sempre que esbarra em algo.
Você não sabe o quanto me dói quando você diz que é sozinho aí, que não tem ninguém... Porque por mim eu estaria aí com você o tempo todo te fazendo companhia, carinho, cafuné. Te ouvindo, ajudando, conversando. Cozinhando e no fim do dia dormindo no meu lugar seguro: o seu ombro direito que me acolhe inteira. Sei o quanto você sente falta dos seus amigos, da sua família, de quem te importa. E o que te dói, me dói também. Mas você não sabe o impacto que isso tem sobre mim.
O que você sabe é que eu não gosto dessa distância toda que me impede de te aproveitar ao máximo. O que você não vê é que machuca toda vez que você reclama por não ter companhia e eu me culpo por não poder estar aí enquanto tem tanta gente a procura de companhia andando pelas mesmas ruas que você.
Dói. Dói ficar longe, dói cada quilômetro que nos separa. Dói cada noite que eu acordo por ter sonhado com você achando que você tá aqui do meu lado. Dói pensar que essa distância toda externa pode um dia se tornar interna. Dói demais ficar longe de você.
Porque você me invadiu inteira. Não chegou aos pouquinhos, conquistando devagar. Você chegou rápido e certo e me tomou nos braços pra não mais soltar. Então não me solta. Eu ainda tô aí dentro desse seu peito, tô nos seus braços, mãos e se eu pudesse... Estaria aí te vendo, cuidando...
Eu consigo encarar essa distância toda se eu souber que faremos isso junto. Amor quando é amor não tem limite geométrico, geográfico, químico. Amor quando é amor simplesmente é. E eu quero te fazer companhia pro resto da vida se você deixar. Então não diz que está sozinho, não me machuca assim. Eu tô aqui e você sabe. Posso não ir ao cinema com você sempre que te dá vontade ou ir naquele restaurante que você me levou pra comemorar mais um ano de vida meu, mas eu te quero um bem enorme e cada vez que você se diz solitário uma pontada de medo me atinge. Você sabe que o medo é meu maior inimigo. E se você não enfrentar a distância comigo? Quem vai ficar sozinha sou eu e... Isso... É a última coisa que eu quero. A primeira é você. Eu quero ficar com você. Eu sei que a gente vale a pena, eu sei o bem que você me faz e o seu medo me assusta. Porque você sempre foi meu escudo, sempre me mostrou que isso seria possível porque a gente se entende de uma forma ímpar, porque somos nós. Aqueles dois perdidos que se encontraram no momento certo e já se conheciam antes mesmo de saber. E se você quiser outro caminho?
Eu sei que não é fácil, sei que às vezes machuca. Sei que a solidão às vezes bate. Ela bate em mim também, mas aí eu penso em você. E penso no quanto fico bem, feliz e segura quando estou com você. Você que me acalmou tantas vezes quando os quilômetros me assustavam... Agora o que me assusta é pensar que eles estão atingindo você.
Hoje o que eu mais queria era poder ir aí te ver, te memorizar inteiro e acordar ao seu lado sabendo que tudo está bem, que vai ficar tudo bem e que seremos eu e você.

Isa G.