Você não é o tipo de cara pra mim. Ouve rock e eu curto MPB, usa umas gírias que não entendo enquanto eu digo o que você não vê; é desligado ao extremo e eu sou feita de detalhes. Age por impulso, me retenho por medo, sua palavra é risco, a minha é receio. Mas é quando você sorri, é quando te vejo que estrago tudo, que me perco. Nada se compara a você. É esse jeito único de segurar o cigarro, essa forma desleixada de tocar a gaita apertando os olhos, seu jeito de segurar minha mão. É por isso que me perco. Porque você me observa de longe e sorri quando percebo, porque você me ouve e aconselha e preocupa e tenta estar sempre aqui. Aqui onde bate um coração machucado, escaldado com medo de ser feliz. Aqui onde quando a felicidade aparece, muralhas são construídas evitando um cavalo de tróia, algum sentimento alheio que seja grego, qualquer barulho de sinceridade soa a perigo, qualquer carinho seu soa a abrigo. É aqui que eu percebo. Se você passa um dia sem me procurar meu corpo dói inteiro, quando penso em você sou transportada pra um lugar de paz, embora haja medo. Você não é o tipo de cara pra mim. Mas quando me liga no meio do dia, diz em mensagem que está pensando em mim, fala ‘se cuida’ da forma mais protetora possível, é aqui que eu vejo. O quanto sinto sua falta, o quanto te desejo. Logo eu que havia dito que iria construir um coração de pedra, logo eu que iria resistir a sentimentos. Perdi. Perdi o fôlego quando te vi, perdi a razão quando te conheci, me perdi. São esses olhos enigmáticos tão seus, é esse jeito tão único de ser um cara que não é meu tipo, mas se esforça pra ser o cara de gírias engraçadas, gostos estranhos, idéias malucas que protege uma menina insegura do seu próprio universo paralelo. Você não é meu tipo, mas está aqui. E isso basta agora. Então fica. Toca uma gaita pra eu dormir e sonha comigo.
Isa G.